CÓLERA E TRISTEZA
A aldeia em ruínas
como um espantalho
a terra rachada
e os troncos de vossas oliveiras
como ninhos de coruja ou de corvos
quem preparou este ano a carreta?
qum trabalhou a terra?
tu! Onde está teu irmão... onde teu pai
miragens
de onde vens? de uma muralha?
ou acaso das nuvens?
velas pela dignidade dos mortos?
ou fechas tua porta ao cair da noite?
por que não te sublevas
desde o momento em que a carne do pai de teu pai
está crucificada
sobre as botas da noite
tu a amas?
eu a amei antes de ti
e tremi em suas margens escuras
era bela
mas dançou sobre minha tumba
tu e eu
pedimos satisfações à história
à bandeira que perdeu sua virilidade
quem somos?
deixa que a pressa das ruas
beba na indignidade de nosso estandarte assassinado
por que não te rebelas
quando ela estende seus braços aos outros
e seus seios
temos suportado a tristeza durante anos
e o sol não tem nascido
a tristeza é um fogo que o tempo consome
e que o vento desperta
e como domaste o fogo
sem armas
exceto a coalizão de vento e fogo
numa pátria violada
(Mahmoud Darwish)
Traduções: Jaime W. Cardoso e José Carlos Gondim
(Do livro Poesia palestina de combate. Rio de Janeiro: Achiamé, 1981.)
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário