sexta-feira, 13 de maio de 2011

RELENDO MOI-MÊME (IV)

LIÇÃO DA ÁGUA

I
o
mar,

fêmea
possessa.

sua fala
de suave

lâmina
abissínia;

o ritmo
ondulado,

que flui
em espiral;

a precisão
especular

do teatro
aquático;

o secreto
pugilato

que sulca
as rochas.


II

o
mar,

leoa
furiosa,

ensina
ao poeta

sua arte
plumária;

a dança-
escultura

das vagas
incessantes;

a pulsação
do poema,

seus ciclos
menstruais.

o
mar

ensina
ao poeta

sua arte
sem arte.

1997

(Do livro Yumê. São Paulo: Ciência do Acidente, 1999.)

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