quarta-feira, 16 de setembro de 2009

UM POEMA DE GUENÁDI AIGUI

NUVENS

Nesta
aldeia de ninguém
trapos indigentes nas cercas —
teréns de ninguém.

E sobre elas nuvens de ninguém,

e adiante — anúncios sobre a infância:
crianças esquálidas, bravias;

e música sobre o nu
de mulheres hunas e citas;

e aqui, no leito, ao rés dos olhos,
algures, junto a pestanas úmidas,
alguém morria e chorava,

enquanto eu compreendia
de uma vez por todas — era

minha mãe.

1960

Tradução: Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman

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