I
Já
que não desprezo nenhuma palavra,
encanta-me
pergaminho
onde
estranhos cães
da
fala.
Nuvens
de parietais
dizem
a lavoura
obsessiva
dos cutelos:
excessiva
porque necessária,
investe
mamífero mamífero
ante
o lacerado pelo púbico
—
molusco esse desprezo
que
se faz habitação.
A
mobilidade das estruturas aquáticas
desorienta
solidez de partículas,
(numeração
da língua)
desentranhadas
até o
ignorado.
Cresce
nas axilas,
nos
limbos, cremalherias,
nos
estudos para voz:
é
o seu inexorável destino.
Antiesquelética
nebulosa
redefine
o tempo e suas cavilações
no
jogo permutatório
dos
contrários.
(Estes
são os meus instrumentos,
minhas
paisagens estratégicas
para
violar tuas orelhas,
tuas
cavidades,
que
se recusam à minuciosa
cabala
de meu olhar.)
(Encanta-me
tua letra, esqueleto de meu canto,
voz
que acende estranhos cães.)
A
revelação está na língua
que
incita ao asbesto da orgia,
à
mais temporária das peles,
quando
vemos pégasos de outro sonho
e
nossa incapacidade de laçá-los.
II
estranha mulher intercambiáveis
folhas de outono
ou lâminas de aço
sem corrosão
relaminadas fina a frio,
ou apenas murmúrio
sem jardins nem quintais
só o alinhamento do corte:
o pensar do coração – alto carbono
em conformidade
com a memória –
(nua entre fósforos acesos)
um adeus e o carboneto de vanádio
em oposição ao cromo –
decapadas, expandidas, minimizadas
palavras entre tuas perplexas peles:
a resistência mecânica do substrato aço
– retalhos, chapas, tubos, barras
e sucatas de ferrosos, para fundição
2012
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