terça-feira, 30 de setembro de 2014

TREZE MOTIVOS PARA VOTARMOS EM DILMA




  1) Dilma criou quatro universidades federais no Norte e Nordeste do país: a do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), do Oeste da Bahia (Ufob), do Sul da Bahia (Ufesba) e do Cariri (UFCA), no Ceará. Lula criou outras 14 universidades federais e o “professor-doutor” FHC, em oito anos de desgoverno neoliberal, não criou nenhuma universidade.

 2) Dilma criou o programa Ciência sem Fronteiras, responsável por cem mil vagas de mestrado e doutorado em universidades europeias e norte-americanas.

3) Dilma criou o Pronatec, que oferece cursos técnicos profissionalizantes a milhares de jovens.

4) Com Dilma, 22 milhões de brasileiros saíram da situação de miséria (32 milhões desde o início do governo Lula) e o Brasil deixou de figurar no mapa da fome da ONU.

 5)  Dilma destinou 75% dos lucros do pré-sal para a educação e 25% para a saúde, além de destinar 10% do PIB para a educação.

 6)  Dilma é responsável por uma das menores taxas de desemprego de nossa história, 4,5%. Na França, o índice é de 10%, em Portugal, 14%, na Espanha, 26% e na Grécia, 27%.

7) Dilma manteve a inflação sob controle – cerca de 4,5% ao ano, contra 36% ao mês, na época do desgoverno neoliberal de FHC.

 8) Dilma valorizou os salários (“altos demais” para economistas do P$$$DB, como Armínio Fraga) e manteve a legislação trabalhista, que os tucanos querem “flexibilizar”.

9) Dilma interrompeu o ciclo de privatizações criminosas dos tucanos – a PRIVATARIA TUCANA --, manteve a Petrobrás, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e outras empresas estatais que seriam leiloadas a troco de banana pelo P$$$DB.

 10) Dilma manteve o Brasil próximo aos países do Mercosul e dos BRICs rumo a uma nova ordem política multipolar, enquanto os tucanos defendem o alinhamento político e econômico com os EUA.

11) Dilma aprovou o Marco Civil da internet, que é referência internacional, e denunciou na ONU a espionagem norte-americana.

12)  Dilma retirou o embaixador brasileiro de Tel Aviv durante a agressão sionista na Faixa de Gaza, condenou os ataques imperialistas à Síria, defendeu a soberania de Cuba e da Venezuela e manteve o Brasil fora da Aliança do Pacífico proposta pelos EUA como reedição da ALCA.

 13) O Brasil é hoje um país mais igualitário, com menos miséria, menos injustiças, mais solidário e soberano.

É Dilma presidente no primeiro turno, Suplicy no senado e Padilha governador!

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

RETRATO DO ARTISTA


  
A VOZ INENFÁTICA DE RONALD POLITO

 Ronald Polito é um poeta raro em nossa literatura, capaz de traduzir um “sentimento de mundo” de náusea, desconforto e aturdimento numa lírica de pequenos gestos, inenfática, antirretórica, próxima a um voluntário silêncio. Solo (1996), seu primeiro livro publicado, revela a delicada ironia do autor no próprio título do volume, que faz um trocadilho entre o espaço geográfico e a solidão, entendida como a sensação de deslocamento num ambiente onde impera “o sem sentido / apelo do não”, como lemos na epígrafe de Carlos Drummond de Andrade. A negatividade é expressa em toda a sua dimensão de absurdo e perplexidade em uma notável composição intitulada Suporte: “São as aparências / (nem todo mundo vê) / (nem todo mundo fala) / (escuta) / (são as aparências) / (passa uma incógnita) / (está no ar) // (nunca estivemos aqui)”. Em oito linhas, num discurso fraturado, recortado, elíptico, o poeta comunica a sua incomunicabilidade, o desencontro com um outro não nomeado, evitando qualquer delimitação espacial ou temporal: o discurso é esvaziado ao mínimo possível de elementos, em reação a uma era em que impera o excessivo.  Em outra peça do volume, Ronald Polito representa o desencanto cético numa fala truncada que recorda as frases enigmáticas de uma pitonisa romana: “(um pouco porque sem saída) / passos quando não são pistas / (talvez como o fôlego falte) / janela aberta para o claustro / xadrez de pedras / poeira sobre a fruteira / (oh rosto roto) / uma cadeira / onde se sente / (ruga ranhura) / a ausência final / presente / (a parede em frente) / desapogeu.” Nesta composição, quase uma arte poética do autor, encontramos alguns de seus principais temas e procedimentos formais, entre eles o trocadilho irônico (“rosto roto”, “ruga ranhura”), o paradoxo (“a ausência afinal / presente”), o uso exclusivo da caixa baixa, a eliminação da pontuação e a mescla de elementos subjetivos e objetos prosaicos do cotidiano, que se entrecruzam em vários planos, à maneira cubista. 


Vaga (1997), seu segundo livro publicado, que apresenta na capa um trabalho da artista plástica Fani Bracher, é ainda mais concentrado, como se o poeta intentasse realizar, com palavras, algo próximo à música de silêncios de Anton Webern ou a pintura sem pintura de Kazimir Maliévitch: “silêncio sem fim / um grito em um estojo / -- para não esquecer -- / entre suspiros    afora / rumores de golpes / -- ruídos” (Muda). Este poema é construído a partir de oposições entre grito e silêncio, memória e esquecimento, ausência e presença, com economia de metáforas e imagens; a referencialidade é sugerida, de modo impreciso, por termos como rumores, suspiros, ruídos. Numa composição de apenas seis linhas (sugerindo a justaposição de dois haicais), o autor conseguiu criar uma atmosfera de tensão (sintetizada na linha “um grito em um estojo”) sem usar a voz em primeira pessoa e sem delimitar ações externas; é um poema altamente sugestivo, que faz pensar na concisão da poesia japonesa e na pintura de traços mínimos do sumi-ê. Intervalos (1998), terceiro livro do poeta, resume as tentativas anteriores de expressar as sensações de imobilidade (“é possível deter / o mecanismo dos relógios”), cansaço (“viver seria um jeito de desistir”) e solitude (“uma palavra e / dois silêncios”), mas há um elemento novo aqui: o poema Vão, com sua rica imagética e versos mais longos, quase descritivos (“Essa pele de luz que banha / as plantas, a varanda, e se arremessa / em espirais de fluxos”), elementos que serão desenvolvidos nos títulos mais recentes do autor, De passagem (2001) e Terminal (2006), onde o discurso se impõe não como simples concessão à narratividade ficcional e ao registro histórico, mas como experimento de dizer pelo avesso, fazendo-se outro, em poemas da mais notável fatura. Assim, por exemplo, o poema Bárbaro (do livro De passagem), que dialoga com o poeta Armando Freitas Filho: “Um tipo de bicho, / de vírus, vampiro, um clone / mix de ventríloquo / e mímico, sim, anjo / sardõnico (demasiado / humano), caracol / com cauterização e gana”. Nesta primeira estrofe, o autor constroi uma autêntica caricatura verbal, brutalista, misturando elementos da novela de terror, da teologia, da história em quadrinhos, do universo tecnológico, para compor um monstro híbrido. Na segunda estrofe do poema, o autor escreve: “É a hora / do monstro (meu nome é / multidão), do máximo / denominador comum. / Exaustivo mesmo / quando improvisa, no atropelo / desse instante de sangue / correndo solto, sem futuro, / que ele engole ou cospe / desavisado, unânime”. O tom retórico do poema recorda certas composições de Carlos Drummond de Andrade, em especial o CDA de Rosa do Povo, em que o eu lírico une-se à voz social no protesto contra o desconcerto do mundo; na composição de Ronald Polito, porém, o sujeito é um eu cético, para quem a retórica é apenas mais um instrumento de desilusão ou desconstrução da realidade, tão monstruosa quanto o Leviatã bíblico, cujo nome é multidão. 

Terminal (2006), livro mais recente do poeta, traz poemas reflexivos sobre o tempo presente, mais alegóricos do que lacunares, em tonalidades que oscilam entre a sátira e a melancolia. Nas linhas breves e incisivas do poema Emblema, o autor nos diz: “Esse tempo não é teu. / Nem nenhum. Capitula teu pacto unilateral. / A tua combustão espontânea acelera. /  Esta é a fronteira entre dois desertos.” O pessimismo do autor, assim como o de Schopenhauer, pressupõe uma leitura subjetiva de tempo e espaço, mas, ao contrário do autor da Metafísica do belo e do Mundo como vontade e representação, não encontramos, na mitologia poética de Ronald Polito, o diálogo místico com o budismo,o sufismo ou a tradição védica. Sua lírica não acena nenhuma fácil esperança supranatural, apenas sinaliza, com estupor, uma realidade árida, composta de “pedras inteiras e / aos pedaços, / palha para aparar / as pontas dos ossos, / além da reconhecida / voz diminuta do / caroço do crânio”. Estas linhas pertencem ao poema Um texugo autodidata, que integra a mais curiosa seção do volume, intitulada Minizoo, um bestiário alegórico onde encontramos um papagaio que medita em questões da metafísica, um tigre branco para quem repetir-se é o “único elo / com a necessidade / da eloquência” e um gorila cuja solenidade invejamos, entre outras surpreendentes feras (que podemos comparar, pela ironia refinada e riqueza de imaginário, aos bestiários do escritor paranaense Wilson Bueno, em particular o Manual de Zoofilia).  A dimensão irônica do poeta, evidente em todos os seus livros, alcança talvez maior sutileza no álbum intitulado Objeto, que reúne cartões de diferentes cores e formatos com poemas visuais elaborados entre 1991 e 1997, com projeto gráfico do autor, em parceria com Vicente Abreu. O diálogo com a Poesia Concreta, uma das referências essenciais em seu percurso poético, soma-se aqui à ressonância da poesia visual e da poesia-objeto do catalão Joan Brossa, que conciliou o construtivismo das vanguardas à irreverência e humor dos primeiros dadaístas e surrealistas (como podemos verificar nas curiosíssimas composições incluídas no volume Poesia vista, organizado e traduzido por Vanderley Mendonça). Nos poemas visuais de Ronald Polito, destacam-se os temas do desencontro, do desengano, do ruído e do equívoco, desde o plano das relações interpessoais até a própria linguagem, que materializa e multiplica o caos ruidoso que habitamos.   

(Versão ampliada do artigo publicado na edição de setembro da revista CULT, na coluna RETRATO DO ARTISTA)

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

RETRATO DO ARTISTA


 TERRITÓRIOS MUTANTES: 
A POESIA DE MARCELO ARIEL

Marcelo Ariel é um estudioso de tradições filosóficas do Oriente, como o sufismo, o budismo, o taoísmo, e um leitor atento de autores considerados herméticos, como o romeno Paul Celan, o inglês William Blake e o português Herberto Helder, com quem compartilha o intenso lirismo amoroso e uma visão herética da espiritualidade, que celebra o corpo, a vida e o estar no mundo, com toda a sua beleza e crueldade. O autor, que vive em Cubatão, cidade industrial da Baixada Santista, pertence, cronologicamente, à chamada Geração 90, mas só começou a publicar os seus poemas em livro na década seguinte, sempre por pequenas editoras: Me enterrem com a minha AR15 saiu em 2007 pela Dulcineia Catadora, numa bem cuidada edição artesanal, e o Tratado dos anjos afogados saiu em 2008, pela Letra selvagem. Nessas obras, o poeta retrata um duro cotidiano de chacinas, favelas incendiadas e desastres como o conhecido episódio de Vila Socó, em 1984, provocado pelo vazamento numa das tubulações da Refinaria Artur Bernardes, que destruiu 500 moradias populares e causou centenas de mortes (o número permanece desconhecido até hoje). No poema Vila Socó libertada, por exemplo, o autor escreve: “(depois do fogo) / no outro dia / (sem poesia) / as crianças (sub-hordas) / procuram no meio do desterror / botijões de gás / para vender”. Em outra composição, intitulada O soco na névoa, Marcelo Ariel, utilizando técnicas de closes, cortes e montagens da linguagem narrativa do cinema, escreve: “No jardim esquizocênico, / Nas balas perdidas, / No perfume / das granadas / explodindo no bar / das Parcas: / Num Eclipse-invertido / seguido de uma chuva fina por dentro / do olhar / da criança recém-esquecida / nesse bar-iceberg para o ‘Bateau Ivre’ no sangue / dos amantes-kamikazes” (versos publicados no livro Tratado dos anjos afogados).

Insólitas sensações e paisagens

O desenho ácido da violência urbana, porém, é apenas uma das facetas da obra de Marcelo Ariel. O livro Retornaremos das cinzas para sonhar com o silêncio (São Paulo: Patuá, 2014), cujo lançamento aconteceu em maio no espaço cultural Hussardos, reúne boa parte da produção do poeta e é uma excelente oportunidade mergulharmos nesse universo de insólitas sensações e paisagens, construídas por um hábil artesão que sabe explorar a dimensão sonora, visual, quase tátil, das palavras, em composições como esta: “só o silêncio / intocado o enobrece, / mas não / queda-silêncio-esquecimento / do lugar-esquife, / ou queda-silêncio-equívoco / apenas / queda-símbolo / para o alto-fundo-horizonte-escuro / de seu Letes” (Sobre a morte de Paul Celan). O uso dos travessões e dos cortes sintáticos, além da estranheza com que revestem o discurso, confere agilidade ao ritmo prosódico das linhas e cria ideias pela inusitada associação de termos (lugar-esquife, queda-silêncio-equívoco). O poeta não deseja apenas despertar uma planejada reação emocional ou sensorial no leitor, à maneira de Álvaro de Campos, mas também convidá-lo à reflexão, à cumplicidade intelectual capaz de reconstruir o poema, descortinando outras possibilidades de leitura e interpretação. As imagens poéticas de Marcelo Ariel são altamente sugestivas, aproximando-se tanto da tradição barroca quanto do simbolismo e do surrealismo – relidos pelo poeta de maneira livre, pessoal e instigante. Fazendo um paralelo entre a linguagem poética de Marcelo Ariel e a de Herberto Helder, Claudio Willer observa: “Em comum com o extraordinário poeta português, a fusão ou hibridação de objetos e seres vivos, a ruptura de limites das coisas e dos corpos, as imagens luminosas como ‘osso do oceano’”. O misticismo profano de Marcelo Ariel, que não reconhece fronteiras entre homem e mundo, natureza e artifício, vida e linguagem, alia-se a uma ética de solidariedade que desconsidera dimensões temporais, geográficas ou culturais, aproximando-se de uma estética do furor miscigenado. Pouquíssimos poetas são capazes de construir um discurso crítico da realidade com tamanha expressividade e terrível beleza.

(Artigo publicado na edição de agosto da revista CULT, na coluna RETRATO DO ARTISTA)

ZUNÁI, REVISTA DE POESIA E DEBATES




Volume 1, n. 4, setembro de 2014

A viagem da palavra por tempos e espaços – última entrevista de Haroldo de Campos, concedida a Claudio Daniel (com fotocópia das respostas manuscritas do poeta).

Textos ensaísticos sobre Jorge Luis Borges, Edgar Allan Poe, Glauco Mattoso, Josely Vianna Baptista e a nova poesia da Dinamarca.

Galeria: poemas visuais de Gabriela Marcondes, Marcelo Sahea e exposição virtual com desenhos de Ana Paula Caixeta.

Prosa de Andréia Carvalho e Ivan Regina

Poemas de Arnaldo Antunes, Glauco Mattoso, Jomard Muniz de Brito, Jonatas Onofre, Lígia Dabul, Ana Cristina Joaquim, Marcela Cividanes Gallic, Coral Bracho (México), Lopito Feijoó (Angola), Lino Mukurruza (Moçambique).

Traduções de Vladimir Maiakovski (ex-União Soviética), Li T’ai Po (China), Oscar Hahn (Chile), Alfredo Fressia (Uruguai) e Niels Hav (Dinamarca).

Cadernos da Palestina: textos de Noam Chomsky, Robert Fisk, Eric Hobsbawm, José Saramago, Eduardo Galeano e outros autores sobre o conflito em Gaza, fotos do genocídio praticado pelos sionistas e os Poemas para a Palestina.

Zunái, Revista de Poesia & Debates: www.zunai.com.br

Preço: Inefável; inconcebível.

Onde encontrar: no ciberespaço, essa “Gran Cualquierparte” (Vallejo).