já vivi aqui, já morri aqui
estes destroços me reconhecem
belos rapazes sem pátria
dançam em ruínas que se erguem
sou mãe, irmã, mulher de cada um
deles
híbridos e tristes, seduzem-se
jamais esquecem:
a morte é logo
ali
* * *
lenta, ela espera
voraz, ultrapassa-se
atravessa linóleos
em céus dissolve-se
espelhos gigantes
observam
percorre o fio sem cair
um jovem vulcão ecoa
entre suas pernas
antiga mulher, qual sua oferta?
* * *
quando retornou estava velha
ao meu redor dançava quase cega
quis tudo que me pertencia
o filho que permanece em mim
o corpo que não libertei
o céu que jamais foi meu
pensei: tão louca e tão bela
qual dor lhe habita?
eu a olhava, ela me invadia
renove, renove
— repetia
(eu tão concha, ela tão éter)
invadida esqueci de qual
mais raro artefato
perdi
muito mais tarde
por amor
entre folhagens
li em distante lápíde:
Gôngula sem rota, falsa esfinge
sem asas
sempre em vigília, sempre à
margem
(Poemas do livro Habitar teu nome. Natal: Uma, 2013)
Que ótimo!! Não conhecia... Vou procurar o livro!!
ResponderExcluirminha preferida e predileta <3
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