segunda-feira, 10 de outubro de 2011

SOBRE A ESCOLA DO RESSENTIMENTO


O bom crítico literário, para Ezra Pound, é o que discute a obra, não o autor. Crítica é reflexão inteligente sobre processos criativos, não mero exercício de ironia, sarcasmo, narcisismo ou ressentimento. Crítica literária é um modo de ler e pensar os textos, como interpretação e intervenção cultural (que começa com os critérios de escolha das obras). Crítica voltada à demolição pura e simples dos textos discutidos, sem qualquer outro objetivo em vista, é algo que não pertence à categoria do pensamento analítico, e sim aos anais da psiquiatria.

5 comentários:

  1. O crítico sério lê o livro do começo ao fim, analisa os processos formais, compreende e discute o projeto do autor, o que não significa elogio ou ataque, mas reflexão inteligente. Já o office-boy, muitas vezes, nem lê o livro, ou lê apenas o prefácio, a orelha ou, pior ainda, lê apenas a resenha de outro crítico e, sem ao menos conhecer a obra discutida, pratica ofensa e o sarcasmo, para agradar o seu "chefe". Não vamos confundir críticos com office-boys, em geral poetas medianos em início de carreira, que puxam o saco de autores consagrados e aceitam escrever "sob encomenda", para agredir X ou Y, em troca de um elogiozinho aqui ou ali. Há quem se preste ao papel de office-boy, infelizmente.

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  2. Cláudio,

    quanto mais me envolvo no mundo literário, mais certo fico de que devo passar longe de certos aparatos mercadológicos, que, infelizmente, cerram os ouvidos para algumas vozes pertinentes, isso quando não as atacam, tentando enfraquecê-las - já que não podem atingir seu nível. Piores que esses "office-boys", são os alvos de suas críticas, quando retribuem o aceno. Creio que é preciso envidar esforços para estabelecer um método crítico sério, imparcial, ao mesmo tempo que acessível, que conduza o leitor a pontos realmente importantes dentro da obra analisada, e que desconstrua o nicho arquitetado por esses pseudo-intelectuais. Creio inclusive que o primeiro alvo deve ser a própria crítica, serva do que se chama "mercado".

    Forte abraço!

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  3. Wilton, sim, existe a crítica "de mercado", que em geral reproduz press releases de grandes editoras ou dá destaque para os autores já consagrados ou que integram a panelinha hegemônica, mas eu me referi aqui a outra crítica, não menos perniciosa: a sibilina-pecorina, que se compraz em atacar a tudo e a todos. Vide as "resenhas" publicadas na revista Sibila, com ataques grosseiros a Augusto de Campos, Claudia Roquette-Pinto, Roberto Piva, Armando Freitas Filho e a quase todos os poetas brasileiros contemporâneos, com exceção, é claro, de seu ilustríssimo editor, o poeta-juiz. Isto, para mim, não é crítica literária, é caso de tratamento psiquiátrico.

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  4. Cláudio,

    a Sibila ataca o autor, não a obra. Como dá pra fazer uma coisa dessas? Nem se os seus adeptos soubessem de que matéria é feita a alma de seu alvo criticado! Quando li sua postagem, nem me lembrava da Sibila. Mas ela é, de fato, o exemplo perfeito da vertente crítica que deve ser "combatida". Atacar Augusto de Campos... É pra rir ou pra chorar? E quanto a Claudia Roquette-Pinto... Li a crítica que foi feita sobre ela, apontando como desnecessária a tomada de um método particular (dela) na construção de seus poemas. Li também a que fizeram a seu respeito. Nem vou comentar. Ou vou comentar: não entenderam em nada sua obra, quem dirá suas propostas!

    Abraços!

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