terça-feira, 29 de março de 2011

UM POEMA DE SOHRAB SEPEHRI

AO JARDIM DOS VIAJANTES

Chame, oh me chame
sua voz soa tão bem
sua voz é como a verde essência da erva rara
que cresce na intimidade mais extrema da tristeza.

Nas dimensões desta era de silêncio,
Me sinto mais só que o fragmento de uma canção
ecoando na percepção de uma ruela.
Venha, deixe eu lhe dizer como é vasta a minha solidão
e minha solidão não previu
a magnitude da sua incursão noturna,
tal é a força do amor.

Não há ninguém.
Vamos roubar a vida, e depois
dividi-la entre dois encontros.
Vamos tentar entender, você e eu,
algo sobre a natureza da pedra.
Vamos discernir as coisas mais rapidamente.
Veja como as mãos da fonte pulverizam o tempo
na marca circular do lago.

Desvaneça como uma palavra na linha do meu silêncio
apague a massa luminosa do amor na palma da minha mão.


Tradução livre do inglês para o português realizada por Arlene Clemesha, a partir do livro The Lover is always Alone, Selected Poems – traduzido do farsi para o inglês por Karim Emami, Ed. Shaul Bakhash, 2004, Irã.

Um comentário:

  1. Sohrab Sepehri é um dos mais importantes poetas contemporâneos do Irã. Sua obra poética, reunida em oito volumes, é respeitada internacionalmente. Sepehri nasceu em Kashan, em 1928, numa família de classe média Seu bisavô foi um conhecido homem de letras e historiador. O talento de Sepehri para desenhar e pintar se manifestou desde cedo, assim como o dom para escrever. Em 1957 viajou pela primeira vez à Europa e aprofundou seus estudos de arte e língua francesa. Desde 1962 Sepehri dedicou-se totalmente à pintura e poesia. Durante a década de 60 viajou bastante e até expôs no Brasil, em São Paulo.

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