domingo, 13 de março de 2011

POEMAS DE TORQUATO NETO (I)



a) A virtude é a mãe do vício conforme se sabe;
acabe logo comigo
Ou se acabe.

b) A virtude é o próprio vício – conforme se sabe – estão no fim, no início da chave.

c) Chuva da virtude, o vício, conforme se sabe;
e nela propriamente que eu me ligo, nem disco nem filme:
nada, amizade. Chuvas de virtudes: chaves.

d (amar-te / a morte / morrer:
há urubus no telhado e a carne-seca
é servida: um escorpião encravado
na sua própria ferida, não escapa; só escapo
pela porta da saída).

e) A virtude, a mãe do vício
como eu tenho vinte dedos,
ainda, e ainda é cedo:
você olha nos meus olhos
mas não vê nada, se lembra?

f) A virtude
mais o vício: início da
MINHA
transa. Início fácil, termino:
“como dois e dois são cinco”
Como Deus é precipício,
Durma,
e nem com Deus no hospício
(durma), o hospício
é refúgio. Fuja.

(Do livro Torquatália – Do lado de dentro, organizado por Paulo Roberto Pires. Rio de Janeiro: ed. Rocco, 2003.)

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