A mulher é infinita
Yasunari Kawabata
I
letra v entre as coxas
erguendo relâmpagos.
II
Considere esta mulher deitada,
a mão direita
entre os joelhos
e o antebraço (esquerdo)
na altura das pupilas,
Ariadne em Naxos.
Logo inverte a posição,
estica os tornozelos
e desenha pequenos círculos
imprecisos
com os pés,
mapa de um labirinto?
(Dríade, convoca a mitologia dos lábios
para abolir a noite.)
Súbito, sua mão escorrega
até a pirâmide invertida,
após acariciar o umbigo,
como se violasse
o silêncio
de uma pétala.
Anoitecer em ti,
percorrê-la
em cada poro
mínimo:
de uma estrela
a outra estrela
de teu céu
indecifrável.
s/d
Poema de Claudio Daniel
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