segunda-feira, 5 de agosto de 2024

À MANEIRA DE KLIMT

 

A mulher é infinita

Yasunari Kawabata


I

 Meia-lua para iniciar um poema;

letra v entre as coxas

erguendo relâmpagos.

 

II

 Considere esta mulher deitada,

a mão direita

entre os joelhos

e o antebraço (esquerdo)

na altura das pupilas,

Ariadne em Naxos.

Logo inverte a posição,

estica os tornozelos

e desenha pequenos círculos

imprecisos

com os pés,

mapa de um labirinto?

(Dríade, convoca a mitologia dos lábios

para abolir a noite.)

Súbito, sua mão escorrega

até a pirâmide invertida,

após acariciar o umbigo,

como se violasse

o silêncio

de uma pétala.

Anoitecer em ti,

percorrê-la

em cada poro

mínimo:

de uma estrela

a outra estrela

de teu céu

indecifrável.

s/d


Poema de Claudio Daniel

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