Claudio Daniel
I
escuras são as palavras
do canto:
demolidas
como as casas
na faixa de gaza.
shemá israel!
adonai eloheinu
adonai ehad.
espectros
torvos
arrastam fardos
farrapos
de si mesmos.
pedras
podres
água
barrenta
ruínas
de vidas
mutiladas
torvo horror
medonho
furiais
furiais
furiais
ínferos
antros
infernais
fomes corcundas
arame
farpado
fuzis
automáticos
turvas
antiflores
sob a lua de gaza
II
carnes de corpos
já sem rostos
pernas
olhos
mãos
sob o céu
iluminado
por fósforo
branco.
III
corpos
costurados
sem sedação
em hospitais
arrasados
por bombas
torvo horror
medonho
caninos
retorcidos
mordem-se
por dentro
IV
gaza
olhos
de gaza
seios
de gaza
cabelos
de gaza
lua
de gaza
até
quando
este
pesadelo?
V
a paz
é o chifre
de um coelho?
VI
furiais
furiais
furiais
ínferos
antros
infernais
a faixa
de gazaa
é o novo
auschwitz
hitler
gargalha
no inferno.
P. S. A crianças palestinas escrevem seus nomes nas palmas das mãos para serem enterradas junto de suas mães.
Grandioso, um Poemaço...Parabéns Mestre
ResponderExcluirpoema à altura das circunstâncias, ou melhor, à baixaria delas... falta coragem geral para chamar as coisas sublimadas pelos nomes afiados
ResponderExcluirSupimpa e altaneiro👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾 parabéns mestre!
ResponderExcluirBelíssimo poema para uma situação de extrema crueldade!! E a ONU serve pra
ResponderExcluirQue mesmo???
Grande, Cláudio!!!
ResponderExcluirPoema belo e triste, Claudio.
ResponderExcluir