sexta-feira, 5 de novembro de 2021

POEMA PARA CARLOS MARIGHELLA

 












tempo sombrio

de cadáveres

escritos na pele

tempo de olhos

sem línguas

nos mortos em mim

mar de amarume

sem luzeiros

cobra verde

que morde

o próprio rabo

tempo de rasuras

borrões

e acúmulo

de resíduos;

apesar do luto,

Carlos, nós lutamos

não há tempo

para sentir medo;

sob a nebulosa

cabeça de cavalo

fazemos um trato,

camarada

comandante:

até o último

sopro

até a última

farripa de cabelo

colocaremos

o regime

em alerta

de segurança máxima:

estamos cercados

pelo inimigo   

 disse outro Carlos –  

não vamos deixá-lo

escapar!

 

Claudio Daniel,  2021

 

 

 

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