tempo sombrio
de cadáveres
escritos na pele
tempo de olhos
sem línguas
nos mortos em mim
mar de amarume
sem luzeiros
cobra verde
que morde
o próprio rabo
tempo de rasuras
borrões
e acúmulo
de resíduos;
apesar do luto,
Carlos, nós lutamos
não há tempo
para sentir medo;
sob a nebulosa
cabeça de cavalo
fazemos um trato,
camarada
comandante:
até o último
sopro
até a última
farripa de cabelo
colocaremos
o regime
em alerta
de segurança máxima:
estamos cercados
pelo inimigo
– disse outro Carlos –
não vamos deixá-lo
escapar!
Claudio Daniel, 2021
Nenhum comentário:
Postar um comentário