terça-feira, 9 de agosto de 2016

ANTICANÇÃO -- SEGUNDA VERSÃO












ANTICANÇÃO

Hora vermelha,
de garras;
hora da gárgula;
hora do grito.

Percorre linhas 
das mãos, torso,
axilas, até a medula
espinhal; é gárgula.

Sua face rascante, 
de ranhuras;
a língua eritrina;
demente desmundo.

Limosa, ruminante,
esfrega escamas
nos poros da noite
para alucinar-te.

Lambe teu membro,
rugosa melusina,
buceta-escarcéus:
acúmulo de vermes.

Acaso se
entremostraria
no esplendor
de coágulos?

Ferruginosa,
em adensamento
de guinchos.
É gárgula.

Acaso esfiapasse,
seu disfórico vestido
até a final
metempsicose?

Hora vermelha,
de garras:
hora da gárgula;
hora do grito.

Eu sou tua gárgula;
você, meu pesadelo.


 2016

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