quarta-feira, 28 de abril de 2010

HAICAIS DE CASIMIRO DE BRITO

Amo-te. Quero dizer,
não te conheço. Só te peço
umas cerejas

* * *
Gostava de amar-te
como se fosses uma árvore
tocada pelo vento

* * *
Amar-te, beber-te
ou, pelo menos, ser a tua
sombra

* * *
Olhas para mim
como se eu fosse um campo
de cerejeiras

* * *
Um certo desejo
como esse que o mar
deve ter do vento

* * *
O teu corpo nu
ao lado do meu corpo nu:
música ou silêncio?

* * *
Amar-te é antigo.
Nascem flores onde foram
campos de batalha

* * *
A concha obscura
não é um lugar vazio —
tantas estrelas!
(Leiam mais haicais de Casimiro de Brito, e também de Teruko Oda, Alfredo Fressia, José Kozer, Claudio Daniel e João Rasteiro, entre outros autores, na Zunái de maio.)

2 comentários:

  1. Casimiro de Brito nasceu em 1938, em Loulé e tem sido um viajante infatigável. Publica desde 1958, e vão mais de 40 títulos: poesia, ficção, ensaio, aforismos, diário, traduções. Está incluído em 197 antologias, um pouco por todo o mundo e está traduzido para 26 línguas. Está a escrever: o Livro das Quedas (poesia), o Livro do Eros, o Livro das Obsessões (fragmentos), o Livro dos Haiku, o Livro do Desejo (ficção), o Livro das Pequenas Coisas (quotidianos). A obra anterior será reunida noutros “livros”. Ganhou vários prémios nacionais e internacionais: o Versília, pela obra reunida; o Leopold Senghor, pela carreira; o Europeu de Poesia, pela tradução italiana do Livro das Quedas (Libro delle Cadute). Conselheiro da Associação Mundial de Haiku (Tóquio); nomeado recentemente Embaixador Mundial da Paz (Genebra). Quatro dos seus livros: Labyrinthus (Prémio da APE), Opus Affettuoso (Prémio do PEN), Na Via do Mestre, Da Frágil Sabedoria.

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  2. Claudio, tão delicado... Obrigada.

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