domingo, 6 de dezembro de 2009

POEMAS DE VICTOR DA ROSA

para sérgio medeiros

sintaxe serpente interminável,
que pende mole
ou molhada
de uma árvore muito alta: tronco de água
ou um córrego que escorre da calha
não escolhe
cai espessa,
se espalha
e nada

para cláudio trindade

um copo cheio de água fria
transborda, diáfano
com palavras de vidro quebrado

é fio de luz: recortada faca,
agudo golpe
na manhã branca.

para virna teixeira

luz fraca na boca
e branco, tudo
muito branco: os objetos,
a cortina, o céu, as mãos brancas
esticavam a saliva
- nunca estive tão perto, espere -
agulha mole na pele mas --- nenhuma dor
a pele morre aguda após
a primeira pergunta: nós dois
vamos para o céu quando acabar tudo isso?

quando me perco em uma cidade estrangeira
e olho para o mapa que é também uma cidade
inteira no bolso da calça
é como se a imagem do instante em que me perco
ficasse presa para sempre no papel

3, escrituras.

I –

linhas de luz
escritos no ar

II –

palavras de arame
o peso de um poema
pendurado
no papel

III –

a última carta
esta página úmida
seu nome
em branco

(Leiam mais poemas do Victor na próxima edição da Zunái.)

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