sábado, 31 de outubro de 2009
DIÁRIO DE UM ALFARRABISTA
“Nos cursos de Letras de muitas de nossas universidades, a sua produção — junto com a de outros integrantes do movimento concreto — costuma ser vista com muita reserva. Alguns chamam-na de formalista, outros de alienada; outros, ainda, são de opinião que, ao se preocupar excessivamente com a imagem, sua poesia consegue apenas descartar-se da palavra, em uma espécie de escapismo. O que acha desse quadro?”
Augusto: Alienação e formalismo são palavras-senha que identificam uma concepção maniqueísta, pseudo-marxista, e na verdade tributária do stalinismo cultural. Infelizmente, essa é a mentalidade dominante em algumas áreas de letras universitárias. Uma orientação sociologizante, bem educada mas desatualizada, a que veio somar-se o sentimento de ‘má consciência’ aguçado pelos anos de repressão no Brasil, criou uma indisposição pretensamente ‘ideológica’, nessas áreas, contra a poesia de vanguarda. Esta é tida como escapista por não falar diretamente da realidade social brasileira e não proporcionar aos regentes das nossas letras a catarse emocional necessária para aliviar as suas consciências de burgueses privilegiados num país subdesenvolvido. A música popular foi palco de idênticos preconceitos. Em 68, essas áreas universitárias eram, em peso, contra Caetano e todos os baianos — estrangeiros e a favor de Edu Lobo e Vandré, com suas senhas violeiro-boiadeiras. Quando Caetano foi preso, caíram do cavalo e puseram a mão na consciência. Era tarde. Oswald viu (numa tese que ninguém ouviu, A CRISE DA FILOSOFIA MESSIÂNICA): ‘O inexplicável para críticos, sociólogos e historiadores, muitas vezes decorre deles ignorarem um sentimento que acompanha o homem em todas as idades e que chamamos de constante lúdica. O homem é o animal que vive entre dois grandes brinquedos — o Amor onde ganha, a Morte onde perde. Por isso, inventou as artes plásticas, a poesia, a dança, a música, o teatro, o circo e, enfim, o cinema. Ainda uma vez hoje se procura justificar politicamente as artes, dirigi-las, oprimi-las, fazê-las servirem uma causa ou uma razão de Estado. É inútil.’ E até Mário de Andrade viu (carta a Drummond, 16.02.45): ‘O intelectual, o artista, pela sua natureza e pela sua definição, mesma de não-conformista, não pode perder a sua profissão, se duplicando na profissão de político’ (...). Quanto à acusação de eu me descartar da palavra, por causa da preocupação com a imagem, é mais um preconceito, neste caso de índole literária. São raros os poemas em que não uso palavras. com os recursos visuais e a concisão vocabular, penso, ao contrário, valorizá-las, restituir-lhes o seu vigor original, em vez de diluí-las em palavrório frouxo. A minha poesia é — se quiserem — uma poesia de palavrões. LUXO. LIXO.”
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
DIÁRIO DE UM ANTICRÍTICO
Besos,
CD
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
UM POEMA DE MAX MARTINS
Os chamados do tigre me atravessam. Ardem
e medram em sangue sob escombros, plasmam
a carne do meu fruto flamejando-o.
Quem defende o meu corpo deste incêndio
desta palavra corpo se afogando?
E quem sou eu para guardar um nome de sua noite? Quem
das grades dessa noite, a pele majestosa, tenso
vibra seus punhos contra a neve
Tu
que não me dizes nem me sabes, tu
que do topo dos topos da metáfora me alivias vê:
Do fundo de meus olhos cego-deslumbrados
obscuros laivos de ternura me procuram
(Do livro Poemas reunidos, 1952-2001. Belém, Universidade Federal do Pará, 2001.)
terça-feira, 27 de outubro de 2009
HAICAIS DA COPA
*
jogo que me comove
*
lua sobre o verde
*
vencer não é tudo
*
hora do tigre:
Haicais que publiquei em 2002 no caderno de Esportes do jornal Folha de S. Paulo, alusivos à Copa da Coréia; na época, saíram também haicais de Ademir Assunção, Maurício Arruda Mendonça, Luiz Roberto Guedes, Joca Reiners Terron e outros poetas, confiram na página http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2002/copa/haicai.shtml
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
O CAMINHO DO ARCO E FLECHA
(Do livro O Caminho do Guerreiro, de Howard Reid e Michael Croucher. São Paulo: Cultrix, 2004.)
OITO HAICAIS
sombra de árvore:
conto apenas a você
o que disse o vento
*
primeiro dia do ano:
corpos sem nome
nas águas do rio
*
moça no metrô
borboleta de verão
tatuada nas tetas
*
após a chuva de inverno
a menina rega
o ipê amarelo
*
pequenas misérias de maio:
onde eu estou
é qualquer parte
*
formiga na grama:
passa sem pressa
ou telefone celular
*
galho seco; noite
escura; folhas e medos
amarelecendo
*
o tempo? viagem
do pó ao pó — os pés,
os paus e pedras
sábado, 24 de outubro de 2009
DOIS POEMAS DE ANTÔNIO FRANCO ALEXANDRE
rugosa do amanhecer,
a tão pequena tosse do outro
lado das palavras: como se
se dividissem os sentidos,
a visão, o tato animal,
o veneno riscado, arrancado
às paredes da luz
e sobre o flanco abrisse
uma doença uma razão
meticulosa deexistir,
um sofrimento a cada
instante mais veloz, mais ágil
uma secreta ausência perdoada
* * *
não são as luzes nem os animais
o esplendor
nem as mudas palavras onde a voz
difusa as separa
caminharemos junto à água, até
ao recordar dos promontórios
ao olhar
a invenção do inverno
e recolhidos
no brusco ardor dos
anos breves
ouvindo cintilar
a frívola passagem
dos sinais
(Do livro Poemas. Lisboa, Assírio & Alvim, 1996.)
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
TRÊS POEMAS DE JOÃO RASTEIRO
golpes lentos no final da chuva
que se espraia fina sob a garganta
cozida no cio ancestral dos corpos
esculpidos nas linguagens do pólen,
pelo sopro inesgotável da pele
roxa a boca como gloriosa gôndola
consumindo-se na gusa dos sentidos
7
a construção é um espaço descoberto
o movimento lapidado das formas
difusas cicatrizes onde o amor flutua
mastigando as águas como unguento,
as crias dormem com as mãos acesas
fogueiras aprendendo a rota do voo
que reúne em si o vazio e a plenitude
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a fera avassalada desafia as escorvas
fincadas na fêmea afeiçoada no fogo
escondido o tempo da memória barbital
pura reverberação do coração arqueado.
as águas do rio declinam as vozes
ancestrais como cometas fulminantes
esculpindo cada fruto como hulha viva.
(Poemas de João Rasteiro, do livro Pedro e Inês ou As Madrugadas Esculpidas. Lisboa: Apenas Livros Editora, 2009.)
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
QUATRO POEMAS DE JORGE MELÍCIAS
pelo lado da exuberância.
Como instigando a carne
à vernação das goivas.
* * *
A chacina é uma indução
à espera do seu tempo.
Sobre esse propósito
estabeleço-me unívoco.
E onde cães e homens
disputam a carniça
à lisura dos ossos
inscrevo a consolação.
* * *
Adestramos na carne
os estrepes do horror.
E pela elocução do medo
inferimos da consolação:
só o ferro
remirá em si a ferida.
* * *
Vi o relâmpago disposto pelas traves
como uma plaina ao desvario sobre as córneas.
Os ganchos com a sua incisiva
mecânica de clarões.
Vi o cutelo. E a percussão
era uma cegueira decantada.
(Do livro Disrupção. Maia: Cosmorama, 2008)
terça-feira, 20 de outubro de 2009
POETAS DE MACAU (VII)
EXALTAÇÃO DAS TARDES
o sol cai, ouro líquido,
nos lagos de Nam Van
o céu atrás do leque de água
jade e nácar da neblina.
o chá verde, um aroma
e a música que fazes,
rosto e timbre da tarde.
LIÇÃO DE CHÁ
o corpo dela tinha um pacto
com a seda púrpura, vermelha às vezes
a orla do chá na taça, disse o mestre
deve brilhar como um anel.
CHÁ VERDE
pelo olho da libélula
e pelo cão andaluz
pela ladainha em sânscrito
pelo buço de Frida Kahlo
pelos juncos do Rio do Oeste
por um estilhaço de luz
pelos lábios de Hui Neng
pela orquídea de Gong Bei
na cabaia de veludo
debruada a carmim cru
pelo raio de lua no leque
pela insônia do chá
pelos teus cabelos de ébano
derramados no meu colo
pela tua rosa heráldica
nas noites brancas do delta
pela fria, muda espera
das noites quando não vens
pelo eco dos pregões
no pátio do perdedor
pelos noventa guerreiros
que hão-de vir em dois mil
exorcizar os arcanjos
das bandeiras cor de anil
pelas folhas de baniana
pela raiz do ginseng
pelo teu corpo nu dormindo
na madrugada intocado
pela iminência do adeus
pelas asas do pavor
de acordar e não te ver
pela cabaia de damasco
cor de fúcsia e açafrão
pelos bambus em contra-luz
pelo templo de Tou-Tei
quando partir, ficarei
nunca irei quando me for
(Poemas do livro Chá Verde, de Fernanda Dias. Círculo dos Amigos da Cultura de Macau, 2002.)
domingo, 18 de outubro de 2009
TRÊS POEMAS DE SÉRGIO MEDEIROS
O escritor Henri Michaux disse que pôs sobre a sua mesa uma maçã. Então ele entrou na maçã.
Quelle tranquillité!
Invadiu a maçã com o seu corpanzil ou foi a maçã que o “devorou”?
Areia movediça? Espuma ou esponja onde se afunda e flutua? Onde se fica também cristalizado?
É paz. Ou horror. O próprio Michaux inicialmente ficou congelado dentro da maçã: Quand j’arrivai dans la pomme, j’étais glacé. Em inglês isso seria: When I arrived inside the apple, I was frozen.
(Como será essa experiência em outras circunstâncias? Numa feira livre entra-se numa maçã que alguém amável ou odioso comprará. Ou que muitas mãos anônimas tocarão nesse mesmo dia. A maçã toma sol e se revela terrivelmente efervescente.)
James Joyce menciona o suave aroma que escapava de uma escrivaninha aberta: o cheiro de uma maçã muito madura ali esquecida. Ou de um vidro de goma arábica. Ou de lápis de cedro novos.
DÉCOR
— as folhas mortas e submersas se aproximam mais do ralo do que as bolhas que se aglomeram na água da chuva.
UM CASAL...
O casal ia de bicicleta. Ou voltava a pé para casa. Caminhando ao lado de imensos formigueiros. Como túmulos que a vista não abarcava. Num dado momento eles se sentam lado a lado num tronco caído na beira da estrada. A moça é índia ou japonesa e o rapaz espanhol.
A garota explica que ele é feio.
Ele mal consegue balbuciar alguma coisa. Examina a máquina fotográfica.
O tronco é um ninho de formigas e a garota salta gritando.
O rapaz se levanta calmamente e passa a mão no traseiro e depois nas pernas.
A garota se despe atrás de um arbusto.
(Do livro Sexo Vegetal. São Paulo: Iluminuras, 2009.)
sábado, 17 de outubro de 2009
DIÁRIO DE UM LEITOR
Caros, tenho de ler vinte obras de literatura portuguesa até o final do ano, para prestar o exame de ingresso no doutorado na USP. Desde os cancioneiros dos trovadores, Os Lusíadas de Camões, Gil Vicente, Padre Vieira, até Herberto Helder e Saramago. Por um lado, esse é um “castigo” quase tão terrível quanto ficar preso numa cela com Angelina Jolie durante uma semana. Por outro lado, tira o meu tempo para outras leituras. O pior de tudo é que estou recebendo muita coisa boa, enviada pelos amigos: Sérgio Medeiros enviou-me o seu livro de poemas mais recente, Sexo Vegetal, um dos trabalhos mais originais de nossa poesia mais recente; Jacineide Travassos, que encontrei em Recife, entregou-me o seu belo Livro dos Ventos; os mexicanos Rodolfo Mata e Ernesto Lumbreras, que encontrei num café em Sampa, presentearam-me com Temporal (livro de Rodolfo) e Caballos en praderas magentas (livro de Ernesto); o português Jorge Melícias enviou-me, há tempos, uma reunião de sua obra poética, intitulada Disrupção; ainda de Portugal, recebi vários títulos de João Rasteiro e Casimiro de Brito; e a Mônica Simas deu-me várias preciosidades, como os poemas de Gao Ge traduzidos por Fernanda Dias (ela própria uma das poetas mais notáveis de Macau, autora de livros como Chá Verde) e um importante livro de sua autoria, Margem do destino: Macau e a literatura em língua portuguesa. Recebi vários outros livros, que não citarei aqui (correndo o risco da injustiça), pois a lista seria longa. Claro que será impossível para mim ler e comentar tudo; só Os Lusíadas já exigem a minha atenção integral há dois meses, uma vez que é leitura que exige consulta constante a dicionários, enciclopédias e obras de referência, para o entendimento mínimo das centenas de referências e citações feitas no poema. Porém, aos poucos, irei comentando na Pele de Lontra algumas coisas interessantes que tenho lido, rápida e esparsamente, enquanto almoço ou tomo o café (hábito incorporado há alguns anos, comer lendo poesia, ou será ler comendo poesia?). Por fim: soube hoje, pela amiga Virna Teixeira, que perdemos 90% da obra de Hélio Oiticica num incêndio ocorrido no Rio de Janeiro, incluindo bólides, parangolés, livros, quadros, filmes e outros documentos e objetos produzidos pelo artista. É um dia de luto para a cultura brasileira (vale a pena perguntar: o que aconteria na França se um incêndio destruísse 90% da obra de Marcel Duchamp, por exemplo?). Confiram um belo poema de protesto publicado por Marcelo Sahea em seu blog, na lista de links ao lado.
Besos,
CD
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
POETAS DE MACAU (VI)
Junto à entrada está o deus-porteiro
Que não deixa entrar diabos e ladrões.
E àquele que abra e saia dos portões
Assegura que volte são e inteiro.
Na sala está o buda folgazão
Enchendo a casa de luz da alegria
e p’ra que nunca falte o arroz do dia
Na cozinha está o deus do fogão.
Trabalha o patrão numa grande mesa
E entre ábacos e livros aos montões
Majestoso se ergue o deus da riqueza.
Na alcova está a deusa das paixões
Para dar ao casal toda a certeza
De dar ao seu lar novas gerações.
(Poema de Leonel Alves)
MURO
Tijolos
tijolos vermelhos
levantaram
um
m
u
r
o
separando o mundo em
por dentro do muro
por fora do muro
O muro
cujo lado interior era vermelho
cujo lado exterior era vermelho também
Mas alguém
pintou com cal
o seu lado interior e o seu lado exterior
e depois pinta-o
de outra cor
(Poema de Wei Ming, traduzido por Yao Jingming)
terça-feira, 13 de outubro de 2009
POETAS DE MACAU (V)
Antes
amar era um risco
tal como a seiva venenosa do oloendro
ao tocar na ponta de um dedo
se uma pequena ferida tivesse
poderia matar a vida
Hoje
amar é um hábito
tal como o mestre que provou mil ervas medicinais
é capaz de resistir aos efeitos venenosos
Com esta imunidade
amar já é uma aventura com antídoto
(Poema de Yi Ling, traduzido por Yao Jingming)
CASA DE PENHOR
Um morcego voa
e apanha uma moeda de cobre
conduz os miseráveis para dentro da porta
O condutor é cego
Logo que um miserável entra
esconde-se por detrás do biombo
Até os seus objetos
embrulhados em folhas de um jornal já lido
são de vergonha
Entre o biombo de madeira e o balcão
entre os objetos e o recibo de penhor
os miseráveis ficam mais miseráveis
A quem interessa
outro biombo que oculte a sociedade?
(Poema de Han Mu, traduzido por Yao Jingming)
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
POETAS DE MACAU (IV)
Era lichia
toda ela.
Branca
translúcida
trêmula
estranha
cheirava a rosas passadas.
Sorvi-a num trago
e arrependi-me.
Faltou-me o sentido da eternidade
e perdi-a,
num só gesto,
naquele instante.
Xian, 1989
(Poema de Carlos Marreiros)
POETAS DE MACAU (III)
Macau envelhecido nas fachadas;
rostos, aquarelas nos postigos;
luzes, sombras; contrastes muito antigos;
fios, gaiolas, roupas penduradas.
Becos, pátios, lúgubres escadas;
o mahjong e o chá para os amigos;
divindades, incensos e formigas,
em volta das comidas ofertadas.
Um recorte de igreja ou de pagode!
brisas de ventoinhas, velharias;
sons, odores; mistura de hino e ode!
Mas já o camartelo está à espreita!
O passado a morrer sem poesia
e o futuro sem alma satisfeita!
(Poema de Antônio Correia)
domingo, 11 de outubro de 2009
POETAS DE MACAU (II)
OLHANDO A LUA, NA MINHA MONTANHA
Se um dia um búfalo subir até a lua
Será decerto o meu pequeno búfalo
E quando ele voar, sem dúvida será
O dia do Festival do Meio do Outono
Tal como eu o recordo claramente
Alguém que deixa a montanha e olha para trás
Há um salgueiro imenso que lhe acena
No alto do salgueiro está o pequeno búfalo do pastor
É sempre a meio do Outono que ele sobe para a lua
Em cada Outono alguém estará partindo para longe
Atravessando oito mil milhas em trinta anos
Quem sabe, se quando vejo o luar do topo da montanha
No alto do salgueiro, lá está o búfalo estelar
O mesmo de quando eu era menino
PINTURA SUSPENSA
Onde, o lado indiscernível
Da montanha sagrada?
Ilhas de sonho
Na esfera azul
Nuvens e névoa
Descem, lentíssimas
Até sumir
Uma
A
Uma
No seio do lótus branco
Lótus branco
Lótus branco
Lótus branco
Lótus branco
(Dois poemas de Gao Ge, traduzidos por Fernanda Dias)
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
DIÁRIO DE UM DESEMPREGADO
Já me cadastrei no Trabalhe Conosco dos sites de dezenas de empresas e sempre consulto os cadernos de empregos aos domingos. Tudo o que consegui, até hoje, foram uns poucos frilas que não cobrem 30% de minhas despesas (e já cancelei o curso de natação de meu filho, o meu curso de Tui Sou, reduzi as compras de supermercado, cortei despesas em tudo o que se possa imaginar, mas a minha despesa mensal ainda é alta: pago aluguel, escola de filho e zilhões de outras coisas que vocês sabem muito bem).
O que eu posso fazer, para evitar a depressão ou um surto homicida, é estudar literatura portuguesa (releio os trovadores, Gil Vicente, Padre Vieira, Camões, Cesário Verde, Camilo Pessanha, Fernando Pessoa, Sá-Carneiro, Herberto Helder etc.), para fazer os exames de ingresso ao doutorado, em 2010, e praticar, regularmente, Tai Chi e Aikidô, que fortalecem meu corpo e espírito. Revejo os filmes de que gosto no DVD, ouço jazz, óperas de Wagner, curto a família, como se estivesse num longo período de férias. Porém, a situação está por um fio: minhas reservas financeiras acabaram, já estou operando no vermelho e logo terei de fazer empréstimos apenas para pagar as contas em dia (e claro que depois não terei como pagar os empréstimos; ainda existe prisão por dívidas?). Enfim, meus caros, é o caos. Se alguém souber de vaga em algum lugar, mesmo fora de São Paulo, por favor, me fale.
Mavimpi,
Claudio
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
DIÁRIO DE UM VIAJANTE (II)
Besos,
CD
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
DIÁRIO DE UM VIAJANTE
Besos,
CD