domingo, 7 de julho de 2019
CONVERSA SOBRE O BRASIL COM UM POETA CHINÊS
País tão sombrio – 
como um arco-íris 
negro;
como um cão
negro
e outros cães,
todos negros;
luz negra,
jade negro, pele negra,
sangue negro,
soldados
brancos e negros
que matam
negros,
uma, duas, três,
até oitenta vezes;
palavras escuras 
secam na boca, 
costurada;
nenhum pensamento
é possível
aqui,
só o telejornal 
zumbi;
Em qual língua 
é possível
expressar 
este açougue
de carne humana? 
Este é o relógio 
do medo,
estes são os dez dedos 
do medo
Há sobreviventes?
Uma palavra cai, duas,
três palavras, numa tigela
vazia.
Um rato é o nosso rei.
Relâmpago ilumina
flor mínima, no caminho
das antiflores.
2019 
Assinar:
Comentários (Atom)

 
