2019
Para Bao Dei
Caminho
de um escuro
a outra treva
no
esqueleto da noite.
Palavras
são corvos invisíveis.
Tudo é
silêncio
num tempo
de desaparições.
Apenas no
mercado negro
da
memória
revisito
as cenas
da triste
comédia.
O relógio
é mudo
as horas
abolidas.
Vem,
cavalo negro
da insanidade.
Borra o
mapa de mim mesmo.
Listas
negras
silêncio
imposto
execuções
nos campos
execuções
nas ruas.
Jornais
mentem como juízes.
Esta é a
rosa dos corvos
companheiro
Bao Dei.
Este é o
reflexo sujo
da faca nas
águas do rio.
Que
venham os carrascos.
Que
venham os açougueiros.
Nunca
deixarei de rebelar-me
nem que
seja neste poema
pesado
como um navio.
Nunca
deixarei de amar o meu amor.
Nesta
noite imensa como um sanatório
soldados
removem seus rostos
e
mostram-se nadas de nada.
2018