O Tibete é um país com história, formação cultural, étnica e linguística próprias, que pouco têm em comum com a civilização chinesa. O alfabeto tibetano, por exemplo, é derivado do sânscrito, não da escrita ideográfica chinesa, e a população tibetana não tem parentesco com a etnia han, majoritária na China. O governo tibetano possuía moeda própria, bandeira nacional, serviço de correios e forças armadas e a sua independência política era reconhecida por países como a Índia e o Nepal. Nos primeiros anos do século XX, o Tibete concedeu à China o direito de estabelecer uma missão em sua capital, Lhasa, e manteve relações comerciais com esse país. Após a revolução de 1949 e o surgimento da República Popular da China, o governo tibetano, prevendo a política expansionista de Mao Tsé Tung, rompeu relações com o país vizinho e solicitou a saída do embaixador chinês de sua capital. As relações entre os dois países ficaram tensas e os soldados chineses atravessaram a fronteira tibetana em 7 de outubro de 1950. O Tibete era um país organizado em torno da cultura religiosa e monástica, que cultivava a paz e não estava preparado para enfrentar uma guerra moderna; seu exército era pouco numeroso e contava com armas e estratégias antiquadas, não resistindo à força militar do invasor. Nos primeiros anos da ocupação, houve tentativas de diálogo e negociações entre o Dalai Lama e a liderança chinesa, mas a crescente intolerância religiosa e opressão ao povo tibetano levaram a uma rebelião, em 1959, brutalmente sufocada pela China. O Dalai Lama partiu para o exílio, assim como cerca de 43 mil tibetanos, e foi estabelecido um governo no exílio em Dharamsala, na Índia. A agressão militar chinesa, agravada em 1967 com a Revolução Cultural, causou a morte de um milhão de tibetanos, além da destruição de importantes mosteiros, monumentos históricos e danos irreparáveis ao meio ambiente. Com a imigração massiva de chineses da etnia han para o Tibete, hoje os tibetanos são minoria em seu próprio país. A tragédia do povo tibetano não pode ser minimizada: este é um caso de genocídio humano e cultural praticado por uma das ditaduras mais brutais do planeta.
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