quinta-feira, 17 de outubro de 2024

ZUNÁI: VINTE ANOS DE GUERRILHA NO CIBERESPAÇO

 










Claudio Daniel

Zunái, Revista de Poesia e Debates (https://www.revistazunai.org/), comemora vinte anos de guerrilha virtual no ciberespaço. Criada em 2003 por Rodrigo de Souza Leão, Ana Peluso e por mim, a revista eletrônica publicou alguns dos mais expressivos nomes da poesia, do teatro, do romance, do ensaio e das artes visuais brasileiras. Ao longo de duas décadas, estiveram presentes nas páginas da Zunái autores como Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Arnaldo Antunes, Wilson Bueno, Milton Hatoum, Gerald Thomas, Regina Silveira, Guto Lacaz, Leda Catunda, Alex Flemming, para citarmos poucos nomes, além de muitos autores jovens. Desde o início, a revista assumiu uma posição de voluntária parcialidade crítica (seguindo a lição de Baudelaire), exteriorizando os seus critérios de escolha e interferindo de maneira desafiadora no cenário cultural brasileiro, sem fazer concessões a estéticas mumificadas. Zunái assumiu o compromisso de publicar trabalhos de maior inventividade formal, em campos como o da poesia visual, da poesia sonora, da poesia digital, do texto poético experimental, sem filiar-se, porém, a nenhuma tendência literária específica, a nenhum programa normativo redutor: sua vocação é a de ampliar diferentes graus de ruído e dissonância, para desafinar a melodia única dos contentes. Esta pluralidade de radicalismos possíveis se manifestou em nosso interesse pela poesia neobarroca de José Kozer, Reynaldo Jiménez, Victor Sosa, León Félix Batista, mas também pelo minimalismo de André Dick e Virna Teixeira e pela escrita inclassificável de Contador Borges, Abreu Paxe, Antônio Moura e Erin Moure. Nossa representação geométrica é o círculo, dentro do qual se movimentam infinitas linhas concêntricas, aproximando-se, distanciando-se, provocando colisões, ruídos e atritos criativos, em constante ebulição e metamorfose. A Zunái sempre se recusou a fazer um mapeamento convencional da poesia brasileira – tarefa sempre incompleta e efêmera das revistas e antologias – mas, ao contrário, optou por iluminar autores que ficaram à margem do cânone rumoroso promovido pela mídia, organizado por critérios poucas vezes éticos ou estéticos. Publicamos autores jovens de violenta novidade formal e temática, que estão entre as vozes mais consistentes da nova poesia, como Adriana Zapparoli, Andréia Carvalho, Mar Becker, que trazem propostas de desestruturação da lírica coloquial-cotidiana do Modernismo (tão incensada por críticos midiáticos que nada sabem de poesia) e de reorquestração das palavras e frases em outras combinações possíveis, ampliando o léxico, renovando a sintaxe, dialogando com repertórios infrequentes, num sopro de renovação e desafio.

Rompendo com o mimetismo colonizado das poéticas praticadas nos grandes centros econômicos, Zunái estabeleceu novas parcerias, divulgando poetas de Angola, Moçambique, África do Sul, Síria, Cuba, México, Peru, República Dominicana, Venezuela, entre outras nações de poesia. O link Galeria publicou mostras virtuais de alguns dos mais conceituados artistas visuais brasileiros, como Leda Catunda, Elida Tessler, Nino Cais e Eduardo Frota, enquanto o link de matérias especiais enfocou temas culturais mais amplos, envolvendo diferentes linguagens artísticas, como o teatro de Gerald Thomas, o cinema de Werner Herzog e Peter Greenaway, a prosa de Wilson Bueno, os 50 anos da Poesia Concreta e o debate sobre a crítica literária brasileira, em textos como "Muito além da academídia: poesia brasileira hoje", de Rodrigo Garcia Lopes, e "Pensando a poesia brasileira em cinco atos", de Claudio Daniel.

Os editores de Zunái nunca tiveram o propósito de estabelecer ou defender uma suposta “estética única”, o que pode ser verificado facilmente na própria revista, onde publicamos desde haicais e poemas sonoros até composições concretistas e surrealistas; a inovação, para nós, nunca foi rua de mão única ou questão teológica ou metafísica. O que recusamos no ecletismo nunca foi a diversidade, mas a concessão sem critérios a estéticas frágeis, que não apresentam nenhuma novidade temática ou formal. A defesa intransigente da pesquisa estética, do experimentalismo, da inovação, em nenhum momento foi entendido por nós como nova torre de marfim, alheia aos acontecimentos no mundo – muito ao contrário. O design da capa da Zunái, em sua primeira dentição, foi criado por Ana Peluso e por mim com o propósito de representar o conflito entre barbárie e cultura: os links, dispostos de maneira circular, incorporaram imagens de obras de arte da Antiguidade do Museu Nacional de Cabul, destruídas pelo Talebã sob a acusação de paganismo e idolatria. Na página do Expediente da revista, inserimos a imagem de uma obra de arte desaparecida do Museu de Bagdá, saqueado com a cumplicidade das tropas de ocupação norte-americanas.

Zunái sempre se posicionou contra as guerras de rapina do império estadunidense no Oriente Médio e criou, no link Opinião, os Cadernos da Palestina, onde publicamos regularmente textos e fotos de denúncia da ocupação ilegal dos territórios palestinos pela entidade sionista. Durante o Fórum Social Mundial Palestina Livre, ocorrido em 2012, em Porto Alegre, Zunái esteve presente e distribuiu a plaquete Poemas para a Palestina, com peças escritas por autores como Glauco Mattoso, Marcelo Ariel, Lígia Dabul, Andréia Carvalho, Nina Rizzi, entre outros poetas brasileiros e portugueses (o texto original da plaquete, ampliado com a inclusão de novos poemas, foi publicado em 2014, na forma de livro, pela editora Patuá, do bravo Eduardo Lacerda). A revista também colaborou na organização da exposição fotográfica dedicada aos 30 anos do massacre de Sabra e Chatila, exposta no mesmo ano na Biblioteca Alceu Amoroso Lima. Zunái sempre acreditou que o engajamento estético não se opõe ao engajamento político, mas, ao contrário, é a sua contraparte dialética, como bem sabia André Breton, ao propor unir o “mudar a vida” de Rimbaud ao “mudar o mundo” de Marx (equação em que está implícita o “mudar a arte” de Lautréamont).

O aniversário de dez anos da revista, em março de 2014, foi comemorado com um recital organizado pelo poeta Rubens Jardim, na Casa das Rosas, que contou com a participação de Frederico Barbosa, Claudio Willer, Alfredo Fressia, E. M. de Melo e Castro, Abreu Paxe, Nydia Bonetti, Andréia Carvalho, Edson Cruz, Luiz Ariston, Edson Bueno de Carvalho, Diogo Cardoso e Fabrício Slaviero. Uma festa de poesia. Em março desse mesmo ano foi publicada uma antologia impressa de poemas e textos divulgados na Zunái ao longo de seus dez primeiros anos de existência, com o apoio generoso da Lumme Editor. Agora que a publicação digital completou vinte anos, ela deixou de circular, pois nunca recebemos nenhum patrocínio público ou privado, embora tenhamos participado de diversos editais, como o da Bolsa Petrobrás (privatizada para favorecer os amigos de Carlito Azevedo) e o do Instituto Itaú Cultural. A revista é reconhecida em nível internacional, mas, infelizmente, no Brasil sempre sofreu o boicote da mídia e tudo o que conseguimos fazer foi com os nossos próprios esforços. Agradecemos a todos aqueles poucos que sempre apoiaram a revista, e em especial a Ana Peluso e Mariza Lourenço, responsáveis pelo design e atualização da “primeira dentição” da Zunái, e a Andréia Carvalho, editora de multimídia do novo site da revista.

Ave, Zunái! Palestina Livre!

 

sábado, 12 de outubro de 2024

O AZUL

 


 










Para Claude Monet

 

lago de azul-opiário-azul-equinócio azul

mais azulino azul //

azul não azul-ferrete

azul não azul-da prússia

azul em tons

de turquesa-azul

(azul em tons

de malaquita-azul)

nas folhas de galhos inclinados

nas folhas de galhos

desmanchados

em explosões de azul //

nenúfares, borrões

de azul-azul //

nas pupilas do inseto

que vê: ninfeias, ninfas

e nuvens

em borrões de rosa

e azul

em borrões de branco

e azul //

moças sentadas no barco

são moças de água

moças-flores tingidas

do mais profundo azul //

olhos, folhas, barcos e flores

em nuances de cor

olhos, barcos, folhas e flores

refletidos nas pupilas 

do mais profundo azul //

(líquida pantera subaquática

irrompe súbito na tela) //

tudo que existe afinal

são múltiplas variações cromáticas

do mais profundo azul.

 

Poema inédito de Claudio Daniel, 2024

 

 

terça-feira, 13 de agosto de 2024

BALARAMA

 











Jade-

branco-alvíssima

pele lunar

luz de clara luna

olhos negros

como a noite

dos tempos

noite negro-azul.

Ele, o branco negro

branco azul

infinito azul sem cor

do infinito breu

tem tudo de tudo

e não se apega

a nada;

porque todas as coisas

valem menos

do que o vento;

valem menos

do que a curva

do rio;

valem menos

do que o olho

direito

do pavão-

de-plumas

que dança

em Vrindavana.

O Mestre

dos Mundos

o Esquecido-

de-Si

pensa apenas

em Krishna

e Radha.

Ele,

o Mestre de Tudo

traz sempre

consigo

um arado

para cultivar

os duros campos

do coração dos seres

que habitam

os nove mundos.

Ele cultiva a semente

do amor divino

o amor de amor.

Quem recebeu as bênçãos

do supremo guru

ouvirá a música celeste

da flauta de Krishna;

enlouquecerá de amor

com a música

da flauta de Krishna;

sairá de si mesmo

desse pobre mundo material

para dançar ao som

da flauta de Krishna.

Senhor Balarama,

irmão mais velho

do flautista supremo

receba as minhas reverências!  

 

Poema inédito de Claudio Daniel, 2024

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

À MANEIRA DE KLIMT

 

A mulher é infinita

Yasunari Kawabata


I

 Meia-lua para iniciar um poema;

letra v entre as coxas

erguendo relâmpagos.

 

II

 Considere esta mulher deitada,

a mão direita

entre os joelhos

e o antebraço (esquerdo)

na altura das pupilas,

Ariadne em Naxos.

Logo inverte a posição,

estica os tornozelos

e desenha pequenos círculos

imprecisos

com os pés,

mapa de um labirinto?

(Dríade, convoca a mitologia dos lábios

para abolir a noite.)

Súbito, sua mão escorrega

até a pirâmide invertida,

após acariciar o umbigo,

como se violasse

o silêncio

de uma pétala.

Anoitecer em ti,

percorrê-la

em cada poro

mínimo:

de uma estrela

a outra estrela

de teu céu

indecifrável.

s/d


Poema de Claudio Daniel

domingo, 4 de agosto de 2024

PELE

  

A noite

nasce

em teu

umbigo,

uma lua

em cada

mamilo

lua cheia

lua nova

lobas uivando

no triângulo

invertido.

Olho de gato

observa

no espelho

o reflexo

de um sorriso.

 

Poema inédito de Claudio Daniel, 2024

ELEGIA PARA UM LOBO

 

O que posso dizer enquanto que

o lobo multiplicado

em lobos

ou aquele que nasceu embaixo

da árvore

e fala o idioma dos lobos

se talvez entretanto ou quase.

O que posso dizer enquanto que

o lobo é a árvore ou a raiz

do quando

e o homem que nasceu

embaixo da árvore

engole uma duas três quatro

cinco muitas moscas

-- fio de cobre tenso é uma canção

disse para mim Chapeuzinho Vermelho.

O que posso dizer enquanto que

o mago branco

ou negro ou quase

brinca com as suas cobras

e o  trágico microscopista

em seu desnorteio

esquece as cinco primeiras letras

do alfabeto?

O que posso dizer enquanto que

o mundo, esse lugar

faminto, infame, infausto,

lentamente se despedaça?

Flor de ameixa tua voz

meu amor com pele de búfala

e ternos escorpiões nas faces.

Pequenos ossos brancos

são o alimento da Morte.

 

2024

 

 

 

POEMA CONFESSIONAL N. II

 

Penso em teu sexo

em tua caveira aberta

repousada na mão esquerda

de um filósofo louco.

Penso em tuas pernas abertas

mais claras ou mais escuras

do que em todos os mundos possíveis.

Penso com o corpo, a mente

os testículos, o esqueleto

com meus olhos que crocitam como corvos.

O Homem Mais Velho do Mundo

encontrou-me numa ponte de pedra

e disse a mais terrível de todas as palavras:

AMOR.

Por que estas flores cobertas de sombras

e esquadros?

Por que estas flores cobertas de peles

de homens queimados?

Aqui nós estamos em um longo poço sem fundo

e apesar de tudo nós dançamos.

 

2024

 

 

 

 

sexta-feira, 2 de agosto de 2024

POEMA CONFESSIONAL N. I

 

Eu poderia ter dito apenas vermelho

uma carta

é o que menos se espera

ou o mapa da lua

aberto no escritório

enquanto mísseis voam sobre Gaza

teu corpo fragmentado

em um dois três cinco segundos

pedaços de carne

por toda parte

Eu poderia ter dito apenas vermelho

uma partitura

é algo inverossímil nesta era

algo como miríades

de corvos brancos

numa árvore aérea

estranho é o avesso de uma lagosta inócua

Eu poderia ter dito apenas vermelho

para a menina corcunda

que atravessa a rua

um ruído um eco

um latido

um som qualquer nesta Era de Kali

é algo ininteligível

disse para mim o miniaturista cego

tudo insanidade tudo insanidade

tudo insanity tudo locura

folie kiôki bezumiye

e a menina corcunda

joga pedrinhas no meio da calçada

dança sorri dança

sorri dança sorri

e depois

seu corpo nu estendido numa mesa

cirúrgica

enquanto mísseis voam sobre Gaza

flamingos

flertam com o apocalipse

 

Poema inédito de Claudio Daniel, 2024

O CAVALEIRO DO MUNDO DELIRANTE

 

Para Murilo Mendes

& a resistência palestina

 

I

Rosa

de nenhuma

lua.

Caminho só

numa noite

escura

com os cabelos

já esbranquiçados

e as mãos

trêmulas

mudas.

O relógio

é inútil

como um pássaro

cego

perdido em meio

a chuvas

de fósforo

branco.

 

II

Em Khan Yunis

cidade de meus afetos

crianças correm

queimadas

como em Saigon

e desta vez

não há fotógrafos

para imortalizá-las

só o silêncio

criminoso

do oligopólio midiático.

 

III

Onde estão

as rotas

de fuga

a ponte

do arco-íris

as valquírias

de Odin

os anjos

terríveis

de Rilke

em meio

a escombros

placas de metal

retorcidas

arquitetura inacabada

de uma cidade

em ruínas

que os deuses

contemplam

bebendo jarros

de terra calcinada

misturada

a urânio empobrecido?

 

IV

A morte é um cristal violeta que reflete ossadas.

A morte é um cântaro esquelético sem teus seios.

A morte é o cavaleiro do mundo delirante

que passa uivando sob a minha janela de tijolos vermelhos.

 

V

Envelhecer é contemplar

a rosa

de nenhuma

lua

borrar o reflexo

no espelho

com uma faca

curva

de água

beber

uma xícara

de chá

com os corvos

de meus pesadelos

enquanto triunfam

em seu apocalipse

os turvos

açougueiros.

 

Poema inédito de Claudio Daniel, 2024

YAMA

 

 À memória de Rubens Jardim

 

Quando Yamaraja, o deus da morte

o mestre dos labirintos

recebe a alma de um poeta

as azaleias nascem ao contrário;

as águas azulíssimas dos rios

tingem-se de açafrão escuro

e os macacos gritam nas florestas

da noite. Um poeta está entre nós

dizem os danados no reino sombrio;

agora, tudo é possível e a loucura

é apenas um outro nome da realidade.

 

 Poema inédito de Claudio Daniel, 2024

NO LIMITE DA COR

 

Para Francis Bacon

 

HOMEM-CARANGUEJO

olhos borrados de azul

orelhas talvez de matéria

sintética, para não ouvir

nunca mais, nunca mais

a música macerada do amor.

Lábios escuros, costurados

para o silêncio infinito

do adeus. Metade do rosto

silêncio, a outra metade

rouco ruído de pássaros

no limite incompreensível

da cor. Nenhuma palavra

dentro do homem demolido.

 

Poema inédito de Claudio Daniel, 2024


NOZ

 Para Marc Chagall

 

Quando um estranho

flutuou no palito de fósforo

embebido de si mesmo

contando os peixes do céu

com os dedos de uma só mão.

Quando um estranho

embebido em teu sexo

lavou os cabelos com música

de  um antigo relógio de sol.

Quando um estranho

perdido na manhã líquida

escreveu outra vez teu nome

dentro de uma casca de noz.

 

Poema inédito de Claudio Daniel, 2024

 

 

 

RETRATO

 

 Para Edward Hopper

 

Mulher de chapéu amarelo

sentada na mesa circular

do café à beira da estrada;

cabeça inclinada, olhos

voltados para a xícara

em hora qualquer da noite

estrelada. Casaco verde

de mangas marrons, blusa

da mesma cor, combinação

pensada para o encontro

inverossímil com si mesma.

Faz frio lá fora, um cão late,

música da juke box, tristeza

que não cabe dentro do chapéu.

 

Poema inédito de Claudio Daniel, 2024


sexta-feira, 5 de julho de 2024

JAGANATHA

 



 





Jaya Jaganatha!

negro-azul-safira-

cujo-olho-tudo-vê!

Não tem pés

e é mais rápido

do que o vento;

não tem mãos

e pode tocar

os nove mundos.

Jaya Jaganatha!

negro-azul-safira-

cujo-olho-tudo-vê!

Ele é mais rápido

do que mil relâmpagos

no céu azul-azeviche.

Não tem orelhas

e pode ouvir tudo

o que se diz

em todo tempo-espaço

e fora do tempo,

fora do espaço

fora do som

e do silêncio.

Jaya Jaganatha!

negro-azul-safira-

cujo-olho-tudo-vê!

Ele, o Rei do Universo,

que tem grandes olhos

sem pálpebras!

Ele é madeira-espírito

perfumado

de todos os aromas

de todas as flores,

de todos os reinos

celestiais;;

ele é madeira-espírito

que veio das águas

até a beira-mar

como um tronco

para ser esculpido

pelo arquiteto dos deuses.

 

Presto reverências

ao Senhor Jaganatha!

 

Presto reverências

ao Senhor Baladeva!

 

Presto reverências

à Senhora Subhadra!

 

(Poema escrito para a celebração do Ratha Yatra em julho de 2024)