CONFISSÕES INCONFESSÁVEIS: eu já ouvi,
de três amigos queridos, a mesma frase, que, confesso, deixou-me surpreso:
"você gosta de um único tipo de poesia". Sempre tive vontade de
responder, perguntando: QUAL TIPO? A Poesia Concreta? O Simbolismo francês? O Barroco
espanhol? O Neobarroco latino-americano? O Cubofuturismo russo? Os
"metafísicos" ingleses? O haicai japonês da Era Tokugawa? O
Modernismo brasileiro dos anos 20-30? O Surrealismo? O Dadaísmo? O
Expressionismo? Os românticos ingleses e alemães? A Poesia Experimental
Portuguesa? A poesia grega e romana clássica? Os orikis africanos? Os sijôs
coreanos? A poesia chinesa clássica coletada por Confúcio? Parodiando a frase
acusatória, eu NÃO GOSTO de um único tipo de poesia: aquela que é mal escrita,
seja incensada -- ou não -- pela Inimigo Rumor / Modos de Usar a Mídia &
Co. E antes que me perguntem, respondo já: poesia mal escrita é aquela que não
tem consciência de linguagem e não sabe utilizar as técnicas poéticas --
qualquer técnica -- para realizar com eficiência o seu propósito (apenas para
efeito de comparação, Glauco Mattoso é eficiente na utilização do soneto,
porque além de dominar as técnicas de versificação clássica, também sabe
transgredi-las com inteligência. Outra coisa é alguém se aventurar a escrever
sonetos sem antes aprender métrica. O mesmo princípio vale para poemas visuais,
haicais, poesia do cotidiano ou qualquer outra modalidade poética.)
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