Monteiro Lobato lutou em defesa da exploração do petróleo por
empresas nacionais, foi perseguido pela ditadura de Getúlio Vargas e
encarcerado no Presídio Tiradentes. Graciliano Ramos, acusado de subversão após
a Intentona Comunista, esteve preso na Ilha Grande, onde escreveu Memórias do
Cárcere. Jorge Amado -- que assim como Graciliano era militante do Partido
Comunista do Brasil -- fez parte da Assembleia Nacional
Constituinte de 1946 e apresentou um projeto de lei garantindo plena liberdade
religiosa. Carlos Drummond de Andrade, simpatizante do PC e redator de um de
seus jornais, escreveu um poema, em plena ditadura militar, em defesa de Nara Leão.
Na década de 1970, os poetas e romancistas brasileiros apoiavam os movimentos
pela anistia e redemocratização do Brasil. Hoje, nossos autores querem ganhar
prêmios, resenhas, viagens ao exterior e contratos com a editora Record ou
Companhia das Letras. Nada contra que um escritor deseje reconhecimento e retorno financeiro por
seu trabalho. O que é trágico é o afastamento de nossos escritores, artistas e
intelectuais da vida política do país, sua indiferença aos acontecimentos, como
se vivessem em outro planeta. O resultado dessa triste cumplicidade é que hoje
não temos nenhuma influência na sociedade, e não contribuímos em nada para a
sua transformação. Isso não é apenas melancólico; chega a dar nojo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário