segunda-feira, 30 de abril de 2012
UM POEMA DE YUMÊ
BAROQUE MARINA
spume-cataract-blue, the sea's nebula-near-white-blue of the sea whitens into krishna-lotus-blue; dolphin furrows marine-musk-blue in curvets, a graceful cambodian dancer with an apsara's feet; and (myriad!) aquatic birds, mandalic whirling dervishes meru-bound, beneath feather-lakshmi-sky an immense enameled gate opens like a young bride. fillets of violet-blue in an insect's pupils see: on white sand sheets, an old obese lady, vulva nested in hair gone white, ferments tears in liqueur glasses under an umbrella; a sardonic german biochemist with long silverplated sideburns slices prosciutto between expectorations; a lovely vietcong nymph with sinuous mechanical legs: her gaze burns like napalm. in the end, the arctic penguin is banished for excessive daltonism; at last there is nothing to be seen but the purest blue.
Poema de Claudio Daniel, do livro Yumê, traduzido para o inglês por Chris Daniels.
domingo, 29 de abril de 2012
UM POEMA DE CLAUDIO DANIEL
OCCIPITAL FLOWER
Occipital flower is the head’s name.
Lines, volumes.
A writing of bones, nerves,
orbs, memories.
Words that got lost in some place
that you avoid.
Stage scenery that suddenly emerges
like lakes, crystals,
small white
knives.
A snake that is not the Name that runs on
your
lips.
Tree that says neither more nor less
than
this.
Can madness be learnt?
You crush an insect between your fingers
but the sensation
remains.
It’s a shiver that you cannot explain.
Fibres, everything fibres of a miraculous
cloth.
An oriental carpet
shaped like a kidney,
on which we are a minuscule detail,
ant riding on the back of a dragon.
On your palm, your pulse, your epidermis,
you thought you felt the games of the
night,
fleeting hands, a stilled voice,
no board
or pawn.
This is not the face of a dream,
less light, no membrane,
fuck, you yell
at the breadcrumbs.
Nobody’s ants are crossing, from one side
to the other,
the garden’s
flowerbed.
The illusion of love exists and the teeth,
teeth, teeth.
Because everything is real.
The stone that explodes in your temples.
The Earth in the shape of a chalice.
The word that reproduces like the birds in
the Palace
of the Moon Goddess.
The meaning is just the shadow.
I’m the hunger for a clarity that will
never be.
Because the rhythms, the rhythms, the
rhythms.
Because of the she-dog’s laughter.
Celan and the ‘lunatic-open pore’.
Now exit to anywhere.
Crabs adrift in the rain, a portrait, a
name
that is not the snake
that does not run
on your lips.
Throwing yourself into the shadow searching
for the meaning of chewing
copper leaves.
Throwing yourself into the shadow searching
for the intimate beetle
tattooed on the pussy
of Lady Language.
Throwing yourself into the shadow because
stone is more than yell
is more than squirrel
is more than the cloudy
howl
of the centipede.
Writing poetry is not a job for delicate
men.
Occipital flower is the head’s name.
Here are all the games, all the maps, all
the
words,
including the ones to be invented.
Occipital flower is the head’s name.
Your voice.
Your faces.
Your mandalas of affection and scorn.
Lines disfigured on the convulsing body,
exploding spectres.
Emerald.
Everything commences and ends with the enchantment
of the emerald.
In memory of Rodrigo de Souza
Leão, 2011
poem by Claudio
Daniel
translation ©
Stefan Tobler
sexta-feira, 27 de abril de 2012
VERSO REVERSO NA CASA DAS ROSAS
Caros, amanhã, às 19h, eu e o Chacal estaremos na Casa das Rosas, participando do evento VERSO REVERSO. Será uma entrevista aberta, com a participação do público. Quem puder, apareça!
terça-feira, 24 de abril de 2012
NOITE RUSSA NO CENTRO CULTURAL SÃO PAULO
Poesia dos Quatro Cantos é uma atividade mensal dedicada à divulgação da poesia internacional, num formato que inclui a leitura com danças e músicas típicas de cada país, nos intervalos das leituras. Em abril, será feita a apresentação de uma noite russa com os poetas Claudio Daniel e Alex Dias, a Companhia Balalaika e o músico Vadim Klokov.Centro Cultural São Paulo -- Praça Mário Chamie (Bibliotecas). Rua Vergueiro, n. 1.000, próximo ao metrô.Sexta-feira, dia 27/04/2012 - 20h30 às 22h.
DOIS POEMAS DE KHLÉBNIKOV
Crepitai, bétulas azuis!
Albas da noite, zaraturvem
Ao céu cerúleo mozarteante!
Goyam trevas como nuvens!
Roops é um cirro soturno!
Voa uma tromba de risos,
Enfrento firme o verdugo,
Gargalham garras de gritos,
E em torno o silêncio escuro.
A mim convoco os valentes,
Saem dos rios os afogados,
O miosótis, estridente,
Declama a velames pardos.
Gira o eixo cotidiano,
Move-se a massa verpertina,
Nas águas da noite vogando
(Sonho) uma carpa-menina.
Mamáj - pinhos ao vento!
Nuvens nômades de Báti!
Como cains do silêncio
Palavras santas se abatem.
Passo tardo, cercado de tropas,
Asdrúbal azul vai ao baile das rochas.
Tradução: Haroldo de Campos.
* * *
Neste dia de ursos cerúleos
a correr sobre cílios tranqüilos
transvejo para além da água azul
o acordar na taça das pupilas.
Na colher de prata de olhos latos
vejo a procelária em mar sonoro
e ao largo vai a Rússia dos pássaros
transvoando entrecílios ignotos.
Marventoso em celamor soçobra
a vela de alguém na azul esfera,
e eis que o desepero tudo engolfa
trovão e porvir de primavera.
Tradução: Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman.
domingo, 22 de abril de 2012
A POESIA EM REVISTA
Debate com Edson Cruz, Victor Del Franco e Ademir Demarchi sobre a edição de revistas
literárias no Brasil. Lançamento das revistas Babel, Celuzlose e Musa
Rara e dos livros de poesia Tambores pra N'zinga, de Nina Rizzi,
EsfingE, de Victor Del Franco, Pele & Osso, de Neuzza Pinheiro, e
Pirão de sereia, de Ademir Demarchi
Dia 25 de abril, quarta-feira, às 19h30.
Entrada franca - sem necessidade de inscrição, nem retirada de ingressos
Praça Mário Chamie (Bibliotecas) do Centro Cultural São Paulo.
Rua Vergueiro, 1.000, próximo à estação do metrô.
sábado, 21 de abril de 2012
UM POEMA DE NINA RIZZI
CANÇÃO ÀS PROLETÁRIAS DE GUERRA
caem línguas e ouvidos mortos
sob o céu vazio e cinzento
devia dizer uma velha cantiga
judaico-germânica
marina c., aqui vai tudo na mesma
nas esquinas, porões, grades
dentro da concha, o mar
na semente, uma floresta
as asas dos insetos se debatem
em palmas ao sem-fim
nós, em meio aos escombros e afetos
pegamos vassouras, vasilhas, tetos
nos habitam lídices, drésdens
do caos, imensas catedrais.
UM POEMA DE JONATAS ONOFRE
TUMBEIROS
I
As horas se dissolverão
depois da linha do equador.
Num desvão soturno
olhos velam a espera.
II
A carne cala o corte.
Tantas mãos afagando
navalhas, no porão,
antes da âncora e do archote.
III
Indiferente ao traçado
de paralelos e meridianos
sobre a carta. O corpo singra
e sonha o dia da cova exata.
IV
Acender-se dói.
E eles com a treva costurada
ao corpo
tendo que descoser-se
ao sol cru do porto.
ao sol cru do porto.
(Leia mais poemas de Jonatas Onofre na Zunái, http://www.revistazunai.com/poemas/jonatas_onofre.htm)
sexta-feira, 20 de abril de 2012
UM POEMA DE ROBERTA TOSTES DANIEL
AINDA
No silêncio: compasso de solidão.
Depois que a música (me) acaba,
Fazer o sem-lugar onde desvio
Linguagem e desejo.
Fremir de ondas
Entre mim e canção,
Escrever as pausas de outra:
Mais sutil, de sombra.
O que eu não toco: pertença minha
(toda escuta, posse).
Onde não sou e não tenho;
Até que ouço, simplesmente.
Presa por vontade
De escutar o que é livre:
O inalcançável movimento
Do mar -
O chamado:
Palavras instigando ondas.
Ouvir o tempo insondável
No mesmo silêncio de corredores e sótãos.
Menina, lia. Escutava Quintana
Onde todas as canções comandam a nau
Apinhada de meninos mortos.
Terrível-suave.
E virgem. O silêncio virgem.
Ocupá-lo com desejo e memória,
Violentá-lo. Se tento calar,
Bebo o tempo: nau frágil.
Um ponto afogado e luminoso da escada,
Perto do peito: o porão do prédio.
Sou eu, um barco ainda ouvindo em segredo.
Degredada em sombra.
Um buraco de luz; deixada pela canção
E pelas brechas nos tijolos.
Abri a porta para o vazio.
Veio a rebentação. Nem perto o mar.
Os vizinhos não sabem; suas casas quando acendem;
Luzes me arrebentam faróis no peito.
As cortinas me abrem. Não saí do quarto.
Tudo veio à voz, depois da voz, minha voz sibilante.
O corredor ainda grande.
Meu sem-lugar: linha do tempo.
Tento uma ausência. Tudo lembrando.
Imagens correm, três delas, ardendo.
O novo. Arrebenta o novo. Oscilações de novo.
Até mesmo no fogo. Tudo são águas.
É um estar-se preso, realmente
(como no amor).
Quem ouve o silêncio, sem fim,
Devorando quem canta,
Move o sagrado, morre em mim.
Não só leveza. Todo instante é um corte,
Toda delicadeza funda o sal na voz
E um corte sempre fala ao dentro.
Arde o vigoroso.
A carne não é rente;
Requentada no sangue, vem antes
(na alma do que não fomos).
Nos afogamos.
A palavra, aprende:
Vai fracassar.
Como a música, seu fim.
Um tempo de mortes, no sempre.
Mas não enquanto:
O canto.
No silêncio: compasso de solidão.
Depois que a música (me) acaba,
Fazer o sem-lugar onde desvio
Linguagem e desejo.
Fremir de ondas
Entre mim e canção,
Escrever as pausas de outra:
Mais sutil, de sombra.
O que eu não toco: pertença minha
(toda escuta, posse).
Onde não sou e não tenho;
Até que ouço, simplesmente.
Presa por vontade
De escutar o que é livre:
O inalcançável movimento
Do mar -
O chamado:
Palavras instigando ondas.
Ouvir o tempo insondável
No mesmo silêncio de corredores e sótãos.
Menina, lia. Escutava Quintana
Onde todas as canções comandam a nau
Apinhada de meninos mortos.
Terrível-suave.
E virgem. O silêncio virgem.
Ocupá-lo com desejo e memória,
Violentá-lo. Se tento calar,
Bebo o tempo: nau frágil.
Um ponto afogado e luminoso da escada,
Perto do peito: o porão do prédio.
Sou eu, um barco ainda ouvindo em segredo.
Degredada em sombra.
Um buraco de luz; deixada pela canção
E pelas brechas nos tijolos.
Abri a porta para o vazio.
Veio a rebentação. Nem perto o mar.
Os vizinhos não sabem; suas casas quando acendem;
Luzes me arrebentam faróis no peito.
As cortinas me abrem. Não saí do quarto.
Tudo veio à voz, depois da voz, minha voz sibilante.
O corredor ainda grande.
Meu sem-lugar: linha do tempo.
Tento uma ausência. Tudo lembrando.
Imagens correm, três delas, ardendo.
O novo. Arrebenta o novo. Oscilações de novo.
Até mesmo no fogo. Tudo são águas.
É um estar-se preso, realmente
(como no amor).
Quem ouve o silêncio, sem fim,
Devorando quem canta,
Move o sagrado, morre em mim.
Não só leveza. Todo instante é um corte,
Toda delicadeza funda o sal na voz
E um corte sempre fala ao dentro.
Arde o vigoroso.
A carne não é rente;
Requentada no sangue, vem antes
(na alma do que não fomos).
Nos afogamos.
A palavra, aprende:
Vai fracassar.
Como a música, seu fim.
Um tempo de mortes, no sempre.
Mas não enquanto:
O canto.
(Leiam mais poemas da autora na Zunái, em http://www.revistazunai.com/poemas/roberta_tostes_daniel.htm)
UM POEMA DE DIOGO CARDOSO
SETE MICROCANTOS OU BILHETES PARA AUTO-EXÍLIO
I
marechal – centro. vias de pelica
onde nossos pés acreditavam o poema.
nos mentia o lugar
que se falsava acontecimento
II
(era placenta seca o que pisávamos)
III
ruas fendidas, sondadas no enigma
que se nos desfaziam
– habitávamos em silêncio
no que hoje nos tecemos juntos
IV
renda expurgada de seu líquido,
sêmen oco que nos desalojava
gota-a-gota
V
(em você foi primeira a coragem de existir
para fora desse centro estéril, onde
– EM VERDADE –
o poema era acontecimento em nós)
VI
somos abortos, bia, desse ventre árido:
praças de areia, luzes diáfanas,
escombros de casa – que desabitamos. existimos
VII
num lugar espaço
aberto entre
o abraço e o infinito
(Leiam mais poemas do autor na Zunái, na página http://www.revistazunai.com/poemas/diogo_cardoso.htm)
quinta-feira, 19 de abril de 2012
UM POEMA DE DANIEL FARIA
NADA DEMAIS
(poema em 3 fases)
Primeira fase
As pessoas não
Estão dormindo.
A praça, simplesmente,
Está vazia.
O eco da música
Perdida
Não se esconde no inconsciente
Das pedras – o silêncio
É,
Só isso.
Segunda fase
É do espelho retrovisor
Que entrevejo a praça,
No vazio
Um girassol (anjo)
Perdido
No meio do concreto, ali
Não está, na superfície
Mineral do espelho, aqui
Onde espelho está –
Na alma da praça.
Terceira fase
Inverificável:
A matéria-prima do girassol
É o espelho, mas o girassol
Não está no espelho – o girassol
É,
No espelho. Só isso.
(Leiam mais poemas do autor na Zunái, na página http://www.revistazunai.com/poemas/daniel_faria.htm)
(poema em 3 fases)
Primeira fase
As pessoas não
Estão dormindo.
A praça, simplesmente,
Está vazia.
O eco da música
Perdida
Não se esconde no inconsciente
Das pedras – o silêncio
É,
Só isso.
Segunda fase
É do espelho retrovisor
Que entrevejo a praça,
No vazio
Um girassol (anjo)
Perdido
No meio do concreto, ali
Não está, na superfície
Mineral do espelho, aqui
Onde espelho está –
Na alma da praça.
Terceira fase
Inverificável:
A matéria-prima do girassol
É o espelho, mas o girassol
Não está no espelho – o girassol
É,
No espelho. Só isso.
(Leiam mais poemas do autor na Zunái, na página http://www.revistazunai.com/poemas/daniel_faria.htm)
UM POEMA DE MARCELI ANDRESA BECKER
morrer é o mais pornográfico.
rolos e rolos de
papel-filme,
(sob a tela o pontilhado cru
das sobrecoxas).
o sexo, a pele,
porque
perfurá-la.
filmar entranhas que se
consomem.
zoom, zoom,
"mais perto!",
cantam as putas,
obsessiva,
desesperadamente,
por dentro
do motor das suas barrigas.
noite, o sobe e desce prodigioso
dos pistões.
noite, a graxa menstrual.
cruzamo-nos: tantos viadutos,
uma esteira de
aviário
ao estilo niemeyer.
o sonho
de levantar voo, mas o peso,
mas a crista,
mas o tempo guilhotínico.
setor de cortes.
porque a morte é a pornografia
irreversível.
o sexo, a sexautópsia
appeal.
porque os pés-
(um fetiche)
de-galinha do rosto dos mortos,
os boeings
noturnos, aerocloacais,
uma esteira
cujas malas são os ovos zi-
góticos
das putas.
(seus mil e um abortos):
setor de frios.
rolos e rolos de
papel-filme,
(sob a tela o pontilhado cru
das sobrecoxas).
o sexo, a pele,
porque
perfurá-la.
filmar entranhas que se
consomem.
zoom, zoom,
"mais perto!",
cantam as putas,
obsessiva,
desesperadamente,
por dentro
do motor das suas barrigas.
noite, o sobe e desce prodigioso
dos pistões.
noite, a graxa menstrual.
cruzamo-nos: tantos viadutos,
uma esteira de
aviário
ao estilo niemeyer.
o sonho
de levantar voo, mas o peso,
mas a crista,
mas o tempo guilhotínico.
setor de cortes.
porque a morte é a pornografia
irreversível.
o sexo, a sexautópsia
appeal.
porque os pés-
(um fetiche)
de-galinha do rosto dos mortos,
os boeings
noturnos, aerocloacais,
uma esteira
cujas malas são os ovos zi-
góticos
das putas.
(seus mil e um abortos):
setor de frios.
(Leiam mais poemas da autora na Zunái, em http://www.revistazunai.com/poemas/marceli_andresa_becker1.htm)
terça-feira, 17 de abril de 2012
DANIELA MERCURY: POR FAVOR, NÃO CANTE EM ISRAEL!
A cantora Daniela Mercury tem um show agendado para o dia 15 de maio no White City Music Festival de Telavive, em Israel.
A campanha para o boicote acadêmico e cultural contra o regime sionista (PACBI) apela à artista para que ela não cante em Israel, juntando-se assim a muitos artistas internacionais que não querem ser cúmplices da política de ocupação da Palestina.
Nós também podemos contribuir para mais uma vitória da campanha BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) pelo isolamento de Israel e o fim do regime segregacionista.
Ela funcionou na África do Sul e pode funcionar em Israel.
Escrevam para Daniela Mercury, solicitando a ela que cancele o show em protesto contra as atrocidades sionistas. Enviem junto algum link sobre as violações de direitos humanos em Israel.
Contatos da Daniela Mercury: Rua São Paulo, 325 / Bairro: Pituba, Salvador - Bahia
Tel: (71) 2109-5555
Assessoria:
fabiana@cantodacidade.com.
A POESIA EM REVISTA
Debate com Edson Cruz, Victor Del Franco e Ademir Demarchi sobre a edição de revistas literárias no Brasil. Lançamento das revistas Babel, Celuzlose e Musa Rara e dos livros de poesia Tambores pra N'zinga, de Nina Rizzi, EsfingE, de Victor Del Franco, Pele & Osso, de Neuzza Pinheiro, e Pirão de sereia, de Ademir Demarchi Entrada franca - sem necessidade de inscrição, nem retirada de ingressos.
Praça Mário Chamie (Bibliotecas) do Centro Cultural São Paulo.
Rua Vergueiro, n.1.000, próximo à estação de metrô.
Dia 25/04/2012, quarta-feira, das 19h30 às 22h
Praça Mário Chamie (Bibliotecas) do Centro Cultural São Paulo.
Rua Vergueiro, n.1.000, próximo à estação de metrô.
Dia 25/04/2012, quarta-feira, das 19h30 às 22h
domingo, 15 de abril de 2012
ZUNÁI DE ABRIL ESTÁ ON LINE!
ZUNÁI, REVISTA DE POESIA E DEBATES
Ano VII, edição XXIV, abril de 2012
El mar, las nubes, los enigmas y los prodigios: Paulo Leminski em espanhol
O poeta e duas facas: uma entrevista com Armando Freitas Filho
Uma poética de distinta liga de aço – ensaio sobre Augusto de Campos
Roça Barroca: poemas de Josely Vianna Baptista
A luz nadadora: 9 poetas catalães contemporâneos
Catecismo da beleza, Augusto Roa Bastos
Prosa: três contos de Luiz Braz
Galeria: exposição de Raquel Santana
Opinião: Cadernos da Palestina
Novos poetas brasileiros: Diogo Costa, Daniel Faria, Maiara Gouveia, Roberta Tostes Daniel, Jonatas Onofre, Andréia Carvalho, Samantha Abreu, Alexandre Guarnieri, Bianca Lafroy, Leonardo Chioda, Roberta Ferraz, Érica Zíngano, Renata Huber
Zunái, Revista de Poesia & Debates: www.revistazunai.com.
Preço: Inefável; inconcebível.
Onde encontrar: no ciberespaço, essa “Gran Cualquierparte” (Vallejo).
Preço: Inefável; inconcebível.
Onde encontrar: no ciberespaço, essa “Gran Cualquierparte” (Vallejo).
DOIS ORIKIS DE OYÁ / IANSÃ
I
Leopardo no ar alto
fuzilando a treva.
Ira e brisa pelos campos.
Corisco na cara da escuridão.
Senhora que incendeia
a casa da mentira.
Senhora sem medo algum.
Senhora que relampeia
entre os tambores do orum.
(Poema de Antônio Risério, do livro Brasibraseiro)
II
Leopardo que come pimenta crua.
Mulher de vestes vistosas.
Cabaça rara, diante do marido.
Eparrei!
O que Xangô disser
Oiá logo saberá.
Ela entende que Xangô
Nem chegou a falar.
E o que ele quiser dizer
Oiá dirá.
Ê ê ê-par-rei!
Oiá, árvores desarvora.
Adeus, morte.
Minha mãe da roupa de fogo.
Nada de mentiras para ti.
Nada de mentiras para ti.
As marcas da tua pele calam o alabé.
Oiá ô
Mulher neblina no ar.
Oiá, leopardo que come pimenta crua.
(Tradução de Antonio Risério, do livro Oriki-Orixá)
Leopardo no ar alto
fuzilando a treva.
Ira e brisa pelos campos.
Corisco na cara da escuridão.
Senhora que incendeia
a casa da mentira.
Senhora sem medo algum.
Senhora que relampeia
entre os tambores do orum.
(Poema de Antônio Risério, do livro Brasibraseiro)
II
Leopardo que come pimenta crua.
Mulher de vestes vistosas.
Cabaça rara, diante do marido.
Eparrei!
O que Xangô disser
Oiá logo saberá.
Ela entende que Xangô
Nem chegou a falar.
E o que ele quiser dizer
Oiá dirá.
Ê ê ê-par-rei!
Oiá, árvores desarvora.
Adeus, morte.
Minha mãe da roupa de fogo.
Nada de mentiras para ti.
Nada de mentiras para ti.
As marcas da tua pele calam o alabé.
Oiá ô
Mulher neblina no ar.
Oiá, leopardo que come pimenta crua.
(Tradução de Antonio Risério, do livro Oriki-Orixá)
sexta-feira, 13 de abril de 2012
A PLENOS PULMÕES: LEITURAS DE VLADIMIR MAIAKOVSKI
A Plenos Pulmões: Leituras de Vladimir Maiakovski. Recital com os poetas Edson Bueno de Camargo, Rubens Jardim, Claudio Daniel, Roberta Ferraz, Isabela Penov, José Geraldo Neres, Célia Musilli, Francesca Cricelli, Paulo Ortiz, Alex Dias, Natalia Barros e Yun Jung Im. Nesta sexta-feira, às 19h30, na Sala de Debates do Centro Cultural São Paulo. Entrada franca - sem necessidade de inscrição, nem retirada de ingressos
quinta-feira, 12 de abril de 2012
terça-feira, 10 de abril de 2012
COLEÇÃO POESIA VIVA
Caros, saiu o sétimo título publicado da coleção Poesia Viva, publicada pelo Centro Cultural São Paulo: é a plaquete Alta Noite, de Donizete Galvão, com tiragem de mil exemplares e distribuição gratuita na biblioteca e na central de informações do CCSP.
Poesia Viva é uma coleção de plaquetes de poesia brasileira contemporânea organizada pela Curadoria de Literatura e Poesia do Centro Cultural São Paulo, com o objetivo de divulgar autores de qualidade e representativos de nossa literatura recente, de diversas gerações, tendências e estilos, novos ou consagrados.
O conselho editorial da coleção é formado por autores respeitados em nossa crítica literária: Heloísa Buarque de Hollanda, Luiz Costa Lima, Leda Tenório da Mota, Maria Esther Maciel e Antônio Vicente Seraphim Pietroforte.
As plaquetes também podem ser encontradas na biblioteca Alceu Amoroso Lima e estão disponibilizadas no site http://
Títulos já publicados:
Quatro poemas brasileiros, de Horácio Costa
25 Poemas escolhidos pelo autor, de Armando Freitas Filho
Matinê, de Marcelo Montenegro
Tempo instável na tarde dos anjos desolados, de Ademir Assunção
Quase duelo de quase amor, de Alice Ruiz e Estrela Leminski
O cinephilo ecletico, de Glauco Mattoso
Alta noite, de Donizete Galvão
Próximos títulos:
Poemas escolhidos, de Rodrigo Garcia Lopes
Papel de riscos, de Susanna Busato
Fora da estante, de Rubens Jardim
Temperamentais, de Moacir Amâncio
O inseto me observa, de Micheliny Verunschk
segunda-feira, 9 de abril de 2012
O MASSACRE DE DEIR YASSIN
"No início da manhã de sexta-feira, 9 de abril de 1948, os comandos dos grupos terroristas sionistas Irgun (liderado por Menachem Begin) e Gang Stern atacaram Deir Yassin, uma pacata aldeia palestina , com cerca de 750 moradores, localizada em terreno alto no corredor entre Tel Aviv e Jerusalém.
Ao meio-dia, centenas de pessoas, metade delas mulheres e crianças, foram assassinadas sistematicamente. Moradores do sexo masculino foram colocados em caminhões que desfilaram pelo bairro Yosef Zakhron em Jerusalém numa exibição macabra. Depois foram levados para uma pedreira , de onde foram atirados para a morte.
Haleem Eid, uma jovem de trinta anos, que pertencia a uma das principais famílias de Deir Yassim, viu quando um homem disparou uma bala no pescoço de sua cunhada Salhied, que estava grávida, quase a dar à luz, e abrir-lhe o ventre com uma faca de carniceiro. Aiesh Radwaer, uma outra mulher que assistiu a esta cena, foi morta quando tentava tirar a criança das entranhas da mãe já morta. A jovem Naaneh Kalil, de dezesseis anos, viu numa outra casa um homem agarrar uma espécie de faca e abrir seu vizinho Jamili Hish da cabeça aos pés, e depois fazer a mesma coisa ao seu primo Fathi nos degraus de sua casa. As mesmas cenas repetiram-se casa em casa. Segundo Safieh, uma mulher de quarenta anos, 'eu gritava, mas à minha volta havia outras mulheres sendo também violadas'.
Por todo o país, os palestinos entraram em pânico diante de tamanha selvageria e começaram a fugir para salvar suas vidas. Deir Yassin foi varrida do mapa. O centro da vila foi renomeada Givat Shaul Bet. Próximo deste local, onde judeus sionistas promoveram o holocausto dos palestinos, foi construído o museu do holocausto judeu.
O massacre dos palestinos em Deir Yassin foi um dos eventos mais marcantes da história do século 20, pela dimensão de sua brutalidade e por ter servido de aviso para a limpeza étnica que começaria em seguida, com o despovoamento calculado de mais de 500 cidades e aldeias árabes e a expulsão de 700 mil palestinos para dar lugar aos judeus que chegavam ao país.
Naquela noite de 09/04/1948, judeus dos grupos terroristas Gang Stern e Irgun contavam aos correspondentes estrangeiros, durante um chá com bolinhos, os detalhes do massacre. Essa entrevista foi publicada no The New York Times em 10 de abril de 1948. A contagem definitiva de 254 mortos foi publicada no The New York Times em 13 de abril, um dia depois que as vítimas foram finalmente enterradas."
Fonte: Oh Jerusalém de Dominique Lapierr e Larry Collins.
Ao meio-dia, centenas de pessoas, metade delas mulheres e crianças, foram assassinadas sistematicamente. Moradores do sexo masculino foram colocados em caminhões que desfilaram pelo bairro Yosef Zakhron em Jerusalém numa exibição macabra. Depois foram levados para uma pedreira , de onde foram atirados para a morte.
Haleem Eid, uma jovem de trinta anos, que pertencia a uma das principais famílias de Deir Yassim, viu quando um homem disparou uma bala no pescoço de sua cunhada Salhied, que estava grávida, quase a dar à luz, e abrir-lhe o ventre com uma faca de carniceiro. Aiesh Radwaer, uma outra mulher que assistiu a esta cena, foi morta quando tentava tirar a criança das entranhas da mãe já morta. A jovem Naaneh Kalil, de dezesseis anos, viu numa outra casa um homem agarrar uma espécie de faca e abrir seu vizinho Jamili Hish da cabeça aos pés, e depois fazer a mesma coisa ao seu primo Fathi nos degraus de sua casa. As mesmas cenas repetiram-se casa em casa. Segundo Safieh, uma mulher de quarenta anos, 'eu gritava, mas à minha volta havia outras mulheres sendo também violadas'.
Por todo o país, os palestinos entraram em pânico diante de tamanha selvageria e começaram a fugir para salvar suas vidas. Deir Yassin foi varrida do mapa. O centro da vila foi renomeada Givat Shaul Bet. Próximo deste local, onde judeus sionistas promoveram o holocausto dos palestinos, foi construído o museu do holocausto judeu.
O massacre dos palestinos em Deir Yassin foi um dos eventos mais marcantes da história do século 20, pela dimensão de sua brutalidade e por ter servido de aviso para a limpeza étnica que começaria em seguida, com o despovoamento calculado de mais de 500 cidades e aldeias árabes e a expulsão de 700 mil palestinos para dar lugar aos judeus que chegavam ao país.
Naquela noite de 09/04/1948, judeus dos grupos terroristas Gang Stern e Irgun contavam aos correspondentes estrangeiros, durante um chá com bolinhos, os detalhes do massacre. Essa entrevista foi publicada no The New York Times em 10 de abril de 1948. A contagem definitiva de 254 mortos foi publicada no The New York Times em 13 de abril, um dia depois que as vítimas foram finalmente enterradas."
Fonte: Oh Jerusalém de Dominique Lapierr e Larry Collins.
domingo, 8 de abril de 2012
UM POEMA DE GUNTER GRASS
O QUE TEM QUE SER DITO
Por que me calo, calo por tempo demais
Sobre o que é clarividente e foi ensaiado
em planos, em cujo final, como sobreviventes
nós somos notas de rodapé em todos os casos.
É o alegado direito do primeiro ataque,
que poderia apagar o povo iraniano
subjugado por um boquirroto
e dirigido ao júbilo coletivo,
porque a construção de uma bomba atômica
em sua esfera de poder é cogitada.
Mas por que me nego,
a tratar pelo nome um outro país
no qual há anos — embora em segredo —
um crescente potencial nuclear está disponível
mas fora de controle, por que nenhuma prova
é acessível?
O silêncio generalizado desse fato,
ao qual se subordina o meu silêncio,
eu considero como uma mentira permanente
e obrigatória, que enfrenta punições
tão logo ele seja quebrado:
o veredicto de "antissemitismo" é imediato.
Agora porém, que meu país,
cujos crimes antigos,
que são inigualáveis,
uma vez e outra são trazidos à tona
de novo e de maneira protocolar, mesmo que
com lábios ágeis declara como reparação,
o envio a Israel
de mais um submarino, cuja especialidade
consiste em levar ogivas devastadoras de tudo
a um lugar, onde a existência
de uma única bomba atômica não foi provada
mas será pelo temor da força das provas,
digo o que deve ser dito.
Por que, porém, calei até agora?
Porque achava que minha origem,
que é manchada por uma mácula que nunca pode ser apagada
proibia atribuir esse fato como verdade anunciada
ao país Israel, ao qual eu sou ligado e
ao qual quero permanecer ligado.
Por que só digo agora,
envelhecido e com tintas finais:
a potência atômica Israel põe em risco
a já frágil paz mundial?
Por que é preciso dizer
aquilo que já pode ser tarde demais amanhã:
também porque nós — como alemães já suficientemente sobrecarregados —
poderíamos nos tornar cúmplices de um crime
que é previsível, causa pela qual nossa cumplicidade
não poderia ser amenizada
por nenhuma das desculpas costumeiras.
E admito: não me calo mais
porque estou cansado da hipocrisia do Ocidente;
além disso, há a esperança
de que vários se libertem do silêncio,
e instem o causador do perigo evidente
a abdicar da violência
e ao mesmo tempo insistam,
para que haja um controle sem restrições e permanente
do potencial atômico israelense
e das instalações nucleares iranianas
por uma instância internacional
com acesso permitido pelos governos de ambos os países.
Só assim se pode ajudar os israelenses e palestinos,
mais ainda, todas as pessoas, que nessa região
ocupada pela loucura
lado a lado vivem em inimizade,
e finalmente nós também.
Tradução: Baby Abrão
quinta-feira, 5 de abril de 2012
POETAS DE CABECEIRA: MAIAKOVSKI
Caros, no dia 11 de abril (quarta-feira), às 19h30, farei uma palestra sobre o poeta russo Vladimir Maiakovski, dentro da programação do ciclo mensal Poetas de Cabeceira. O evento será na Praça Mário Chamie (Bibliotecas), do Centro Cultural São Paulo, com entrada franca. Não é necessário retirar ingressos.
Um recital em homenagem ao poeta será realizado no dia 13 de abril (sexta-feira), às 19h30, na Sala de Debates do Centro Cultural: A Plenos Pulmões -- Leituras de Vladimir Maiakovski, com a participação de Edson Bueno de Camargo, Rubens Jardim, Claudio Daniel, Roberta Ferraz, Isabela Penov, José Geraldo Neres, Marcelo Tápia, Francesca Cricelli, Alex Dias, Natália Barros e Yun Jung Im. Este evento faz parte da programação do Clube de Leitura de Poesia.
Já no dia 27 (sexta-feira), acontecerá o evento Poesia dos 4 Cantos: Noite Russa, com o poeta Alex Dias, a Companhia Balalayka e o músico Vadim Klokov. O evento será na Praça Mário Chamie (Bibliotecas).
Centro Cultural São Paulo
Rua Vergueiro, 1.000, próximo ao metrô.
terça-feira, 3 de abril de 2012
"Vladimir Maiakovski (1893-1930) é o maior poeta russo moderno, aquele que mais completamente expressou, nas décadas em torno da Revolução de Outubro, os novos e contraditórios conteúdos do tempo e as novas formas que estes demandavam.
Fiel às suas origens experimentalistas e a seu mestre, Velimir Khlébnikov (1885 -1912), o visionário “Colombo de novos continentes poéticos”, como ele o denominou, Maiakovski deixa descortinar em sua poesia um roteiro coerente, dos primeiros poemas, nitidamente de pesquisa, aos últimos, de largo hausto, mas sempre marcados pela invenção. "Sem forma revolucionária não há arte revolucionária", era o seu lema, e nesse sentido Maiakóvski é um dos raros poetas que conseguiram realizar poesia participante sem abdicar do espírito criativo.
Sua poesia não tem apenas natureza épica, mas apresenta ainda uma apaixonada face lírica, bem como rasgos satíricos e crítico-estéticos (metalingüísticos). Do poema sobre o evento cotidiano e o fato político (do qual nasce, em certo momento, o poema-cartaz de agitação), ao canto amoroso, ao poema sobre a fatura e a crítica ao poema, seu estro domina uma gama variada de acordes.
(...)
Atesta-se, também, a contínua inquietação operacional de seu autor no trabalho com as palavras: 'A poesia é uma forma de produção. Dificílima, complexíssima, porém produção”; “A novidade, novidade do material e do procedimento, é indispensável em qualquer obra poética' (De Como fazer versos?, 1926)."
(...)
(Trechos da apresentação de Haroldo de Campos para o livro MAIAKÓVSKI - POEMAS, de Boris Schnaiderman, Augusto e Haroldo de Campos - 1967/ 1982)
UM NOVO VANGUARDISMO RUSSO
Nina Rizzi
Rebenta a revolta em Moscou entre 1912 e 1913. A vanguarda russa se insurge contra o invasor, quer seja fauvista, cubista, futurista, ista-ista-ista... "É só depois de ter tomado consciência dos seus recursos orientais, depois de se ter reconhecido como asiática, que a arte russa entrará numa fase nova e rejeitará o jugo vergonhoso e absurdo da Europa, a Europa que nós já há muito ultrapassamos", clama Benedikt Livchits no "Arqueiro com Um Olho e Meio". Larionov faz coro: "Somos contra o Ocidente que vulgariza as nossas formas orientais..." Ao fundar o Raionismo, movimento futurizante no qual o seguem Gontcharova, Chetchenko, Ledentu e outros pintores, Larionov pretende se demarcar do movimento futurista italiano.
Malevitch, por seu lado, não tem problemas nacionalistas. Está demasiado consciente da cultura asiática que nele está entranhada para temer a influência da Europa. Pelo contrário, ele entende por bem não se privar dela, quer venha de Paris ou de outro lugar, pois o seu único objetivo é criar uma "arte universal", embora permanecendo enraizado no seu universo russo. Abandona o Neo-Primitivismo, e as suas relações com Larionov se esgotam. O Raionismo não lhe interessa nada, e na exposição "O Alvo", em 1913, com obras marcadas pelo Cubismo, Malevitch destoa no meio dos neoprimitivistas e dos raionistas e ao mesmo tempo se lança para novos horizontes, onde irá fazer de chefe-de-fila de um novo "Vanguardismo" russo.
Não está sozinho e se aproxima dos futuristas que se reúnem em Petersburgo, em casa de Matiuchine e Elena Guro. Os poetas Alexis Krutchenik e Velimir Klebnikov, a pintora Olga Rozanova, fazem parte dos membros mais ativos.
Com Vladimir Maiakovski, os irmãos Burliuk e Vassili Kamenski, que têm por base Moscou, vão formar um movimento futurista, rico e variado. Sob a assinatura de David Burliuk, Krutchenik, Maiakovski e Klebnikov vão publicar um violento manifesto intitulado "Bofetada ao Gosto Público", que fará sensação: "Só nós somos o rosto do nosso tempo... o passado é tacanho. A Academia e Puchkine são mais incompreensíveis do que os hieróglifos!". A força de aplicar à letra o princípio de Cézanne, que pretende que se geometrize tudo, Malevitch percebe que quanto mais desenvolve esta análise geométrica e quanto mais as obras que daí resultam explodem, mais elas se tornam abstratas.
Malevitch, por seu lado, não tem problemas nacionalistas. Está demasiado consciente da cultura asiática que nele está entranhada para temer a influência da Europa. Pelo contrário, ele entende por bem não se privar dela, quer venha de Paris ou de outro lugar, pois o seu único objetivo é criar uma "arte universal", embora permanecendo enraizado no seu universo russo. Abandona o Neo-Primitivismo, e as suas relações com Larionov se esgotam. O Raionismo não lhe interessa nada, e na exposição "O Alvo", em 1913, com obras marcadas pelo Cubismo, Malevitch destoa no meio dos neoprimitivistas e dos raionistas e ao mesmo tempo se lança para novos horizontes, onde irá fazer de chefe-de-fila de um novo "Vanguardismo" russo.
Não está sozinho e se aproxima dos futuristas que se reúnem em Petersburgo, em casa de Matiuchine e Elena Guro. Os poetas Alexis Krutchenik e Velimir Klebnikov, a pintora Olga Rozanova, fazem parte dos membros mais ativos.
Com Vladimir Maiakovski, os irmãos Burliuk e Vassili Kamenski, que têm por base Moscou, vão formar um movimento futurista, rico e variado. Sob a assinatura de David Burliuk, Krutchenik, Maiakovski e Klebnikov vão publicar um violento manifesto intitulado "Bofetada ao Gosto Público", que fará sensação: "Só nós somos o rosto do nosso tempo... o passado é tacanho. A Academia e Puchkine são mais incompreensíveis do que os hieróglifos!". A força de aplicar à letra o princípio de Cézanne, que pretende que se geometrize tudo, Malevitch percebe que quanto mais desenvolve esta análise geométrica e quanto mais as obras que daí resultam explodem, mais elas se tornam abstratas.
ESPOSAS DE ÁGUA
Disse-nos a mãe, e os outros disseram: há raparigas que a chuva carrega. E retém-nas na água para onde as carrega. Depois relampeja e morrem. Tornam-se estrelas e a sua aparência muda: tornam-se estrelas. Por isso a mãe nos disse, e os outros disseram: rapariga que é levada pela chuva transforma-se em flor e cresce nas águas. Nós, que nada sabemos, quando as vemos na água, quando as vemos tão lindas, dizemos assim: colherei estas flores que cresceram na água. Não é coisa pouca a sua beleza. Mas a mãe e os outros já nos tinham dito: uma flor assim, se vê que a procuram, mergulha na água. E então nós pensamos: era aqui que estavam, onde estão agora? Não as vemos mais, no sítio em que estavam. Desaparecem, quando as procuramos. Não devemos sequer dar conta delas: esconder-se-ão na água. Por isso a mãe e os outros disseram que não devemos procurar tais flores: são raparigas. Parecem flores por causa da chuva. São as esposas da água. Olhamos para elas mas passamos ao largo. Poderíamos sofrer o que elas sofrem. O cabelo da nossa cabeça será como as nuvens, quando nós morrermos. E quem não souber dirá que são nuvens. Mas nós, que sabemos, ao vê-las diremos: são nuvens de gente, feitas do cabelo das nossas cabeças. Nós quando morremos produzimos nuvens.
(Da tradição oral dos bosquímanos. Tradução do Ruy Duarte de Carvalho.)
segunda-feira, 2 de abril de 2012
ORIKI DE OXUM
Oxum, mãe da clareza
Graça clara
Mãe da clareza
Enfeita filho com bronze
Fabrica fortuna na água
Cria crianças no rio
Brinca com seus braceletes
Colhe e acolhe segredos
Cava e encova cobres na areia
Fêmea força que não se afronta
Fêmea de quem macho foge
Na água funda se assenta profunda
Na fundura da água que corre
Oxum do seio cheio
Ora Ieiê, me proteja
És o que tenho —
Me receba.
Tradução do iorubá: Antonio Risério