DIZ-SE DO AMOR
I
Nosso silêncio faz calar a tempestade
Acalmará a folhagem profunda
Carrego duas mãos abandonadas
II
O barco naufragava para sempre na bruma
Longe longe diz o ódio
Perto perto diz o amor
III
Os olhos de um ar vivo soberano inocente
Os seios leves ela ria de tudo
E o mar dispersou a areia de seu trono.
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Diz-se da forma do amor
I
O sol duro como uma pedra
Razão compacta vinha feroz
E o espaço cruel é um muro que me encerra
II
Neste deserto que me habitava que me vestia
Ela me beijou e ao me beijar
Ela me ordenou que eu visse e escutasse.
III
Com beijos e palavras
Sua boca seguiu o caminho de seus olhos
Ali havia vivos mortos e vivos.
Tradução: Maria Elvira Braga Lopes e Gilson Maurity.
(Do livro Últimos poemas de amor, de Paul Éluard.)
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