A VIDA ANTERIOR
Muito tempo habitei sob pórticos altos
Que ardendo aos sóis do mar em fogos caprichosos,
Com seus grandes pilares retos, majestosos,
Tinham, de noite, um ar de grutas de basaltos.
As ondas, refletindo os céus imaginosos,
Iam, solenemente, em místicos assaltos,
Misturando os acordes ricos dos seus saltos
Às tintas do sol-poente em meus olhos ociosos.
Foi aí que vivi nas volúpias mais calmas,
Circundado de azul, de vagas, de esplendores,
De escravos todos nus impregnados de odores,
Refrescando-me a fronte ao embalo das palmas,
E cujo único intento era o de aprofundar
O mal que me fazia aos poucos definhar.
Tradução: Guilherme de Almeida.
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