POROS
Um silêncio verde
— Paul Celan
O
verde,
sua pele
ácida. Tocar
os poros
do verde, florir
metálico. Ouvir
sua voz de asa
e sombra.
Olhos, faisões
de cegueira.
Jóias de irada
divindade.
Abelhas e lagostas
amam-se, odeiam-se,
tulipas caem
na goela
do tempo.
Tuas mãos tateiam
a nervura imprecisa
da cicatriz
e não há mar,
nem pão, nem página.
Alucino-te
ao mirar-me
no silêncio
de uma laranja
quadrada.
Aqui, nada mais viceja.
Lacraias afogam-me
em tua lágrima
e se fecha a porta
esquerda. Toda palavra
me fere com sua cor.
Quando cessa
o canto, calados,
ouvimo-nos
em um corte
azul.
1999
UNHAS
Voz de minério,
torso lunar
branco-crescente.
Música
para cordas
e celesta.
Aqui,
o abismo
se veste de lâmina
e pássaro.
Inútil aparar
suas curvas, alvoroço
de plaquetas.
A noite
reconstrói
sua bélica
ossatura, plantation
de adagas.
Aqui,
a pedra se repete
em pedra,
une-se aos pés
e às mãos,
mais viva e densa,
expandida
em sólida brancura.
1999
(De meu livro A Sombra do Leopardo. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2001.)
Muitos bonitos, ambos! Vc sabe onde encontro A Sombra do Leopardo para comprar, Cláudio?
ResponderExcluirCaro Paulo, grato pela mensagem! Você pode encomendar o livro pelo site Estante Virtual.
ResponderExcluirAbraço,
Claudio