O SONO
Amaldiçoados, veneno escuro,
Sono branco!
Este jardim estranhíssimo
De árvores entardecentes
Fartas de serpentes, falenas,
Aranhas, morcegos.
Forasteiro! Tua sombra perdida
No crepúsculo,
Um obscuro corsário
No mar salgado da tribulação.
Esvoaçam pássaros brancos na aba da noite
Sobre cadentes cidades
De aço.
RESTO
Ó rever-se em êxtase
No outono tardio.
Rosas amarelas
Desfolham no gradil,
Em lágrima escura
Derrete-se uma grande dor,
Ó irmã! Tão calmo finda o dourado dia.
CLAMOR
Sono e morte, as águias da sombra
Esvoaçam noite adentro nesta fronte:
O dourado retrato dos homens
Teriam-no tragado as ondas gélidas
Da eternidade. Em recife horrível
Esfacela-se a carne púrpura
E a voz escura clama
Sobre o mar.
Irmã de irada angústia, mira:
Uma frágil jangada naufraga
Sob estrelas, face
A face da noite que se cala.
Tradução: André Vallias
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