Fora há sol.
É apenas um sol
mas os homens olham-no
e depois cantam.
Eu não sei do sol.
Sei é da melodia do anjo
e do quente sermão
do último vento.
Sei gritar até de manhã
quando a morte se deita nua
na minha sombra.
Choro debaixo do meu nome.
Agito lenços na noite
e barcos sedentos de realidade
bailam comigo.
Escondo cravos
para escarnecer de meus sonhos enfermos.
Fora há sol.
Eu visto-me de cinzas.
Tradução: autor anônimo.
Olá! Sabe, eu acho que tua poesia mudou muito de Letra Negra para cá - aliás, Fera Bifronte foi organizado antes ou depois de Letra Negra?... Particularmente, eu gosto muito de Fera Bifronte, justamente porque demarca essa mudança. Poemas mais secos, mais trangressores. Mas precisaria ler tbm com mais cuidado. O Letra Negra tem todas essas características, mas há ali uma pessoa, o que 'umedece' a leitura (e no Fera Bifront,e em muitos poemas não há essa pessoa... no poema intitulado Fera Bifronte, que é o meu favorito do livro, ela aparece). Um abraço, Claudio!
ResponderExcluirMaria Luiza
Maria Luiza, o livro Fera Bifronte é anterior à Letra Negra, e você tem razão: os poemas são mais secos e impessoais, mais "duros". Em Letra Negra, faço outra jogada, é um poema longo em que o lirismo e a filosofia se entrelaçam. Há ecos de várias leituras que fiz na época, como de Bauman. Já a Flor Occipital, que publiquei há pouco em Cronópios, é menos fragmentário e elíptico e joga com a discursividade, ainda que seja um "discurso" nada cartesiano. Não gosto de repetir-me, prefiro buscar coisas novas... grato por tua leitura inteligente e sensível de meus poemas... um beijo,
ResponderExcluirClaudio
grande claudio,
ResponderExcluirreli esses poemas do yumê e da sombra do leopardo q vc tem postado aqui (e q foram os primeiros livros seus q adquiri)e me bateu uma saudade da minha "lua-de-mel" com a poesia há uns 08 anos atrás... antes da vida passar por cima, e vir casamento, concurso, trabalho, etc... bom, o legal é q continuo gostando dos poemas, e do gostinho nostálgico q me veio com eles rss...
grande abraço
diego vinhas
Caro Diego, que ótimo! Conciliar poesia com trabalho e casamento é difícil, mas não impossível, bem-vindo ao clube!, rsss... também me lembro de quando li os teus primeiros poemas, através do Eduardo Jorge, e pensei na hora: "puxa, esse cara é bom", rsss... continue escrevendo e envie inéditos para a Zunái, ok? Abração,
ResponderExcluirCld.