PAISAGEM MÁ
Praias de ossos. A onda estertora
Seus dobres, som a som, na areia.
Palude pálido. O luar devora
Grandes vermes – é a sua ceia.
Torpor de peste: somente a febre
Coze… O duende danado dorme.
A erva que fede vomita a lebre,
Bruxa medrosa que se some.
A lavadeira branca junta os
Trapos surrados dos defuntos,
Ao sol dos lobos… E os sapos. Ei-los,
Anões de vozes melancólicas,
Que envenenam com suas cólicas,
Os cogumelos, seus escabelos.
Tradução: Augusto de Campos
Não conheço o original desse soneto, mas imagino que sua tradução tenha dado um trabalho danado ao Augusto de Campos. Uma paisagem mesmo muito má.
ResponderExcluirDade, as traduções do Augusto de Campos que publiquei aqui são do livro Verso Reverso Controverso,que saiu na década de 1970 pela editora Perspectiva. Um dos melhores livros de poesia que li até hoje. Cada tradução é acompanhada pelo texto original, o que permite ao leitor analisar o trabalho criativo do tradutor, cotejando cada versão com o texto original. Abraço,
ResponderExcluirClaudio
Corbiére, eis o primeiro Poète maudit, assim Verlaine o apelidou. Muito menos conhecido do que Rimbaud, foi no entanto admirado por Breton e considerado por este um dos principais precursores das suas ideias literárias. Também Eliot e Pound foram grandes admiradores deste poeta. Um poeta maldito muito interessante, sem dúvida. Boa tradução
ResponderExcluirLuís Costa
E fica aqui o soneto em original.
ResponderExcluirPAYSAGE MAUVAIS
Sables de vieux os—Le flot râle
Des glas: crevant bruit sur bruit....
—Palud pâle, où la lune avale
De gros vers, pour passer la nuit.
—Calme de peste, où la fièvre
Cuit.... Le follet damné languit.
—Herbe puante où le lièvre
Est un sorcier poltron qui fuit....
—La Lavandière blanche étale
Des trépassés le linge sale,
Au soleil des loups....—Les crapauds.
Petits chantres mélancoliques
Empoisonnent de leurs coliques,
Les champignons, leurs escabeaux.
Tristan Corbière
Luís Costa