ALGUNS GUITARRISTAS
Ouvi Manolo Sanlúcar
e Isidro, o mano fiel:
de suas cañas, o açúcar
por entre os caules de fel.
Ouvi também, no Brasil,
Cañizares (Juan Manuel):
ciência, vasta e não fácil,
mas espontânea, apresenta.
Ouvi depois esse anil
das mãos de Amigo (Vicente),
que apresenta em outro tom
Córdoba: explosivamente.
E antes Solera (Antonio)
- ouvi (ou vi) bem de perto
(e revi)–, em Carmen: dom,
Bodas de Sangre em concerto.
Mas ouvi Francisco Sánchez
Gómez, Paco (o mais deserto
da história: numa avalanche
de toques que invade e muda
o toque, como revanche:
a guitarra mais aguda,
mais musical, a fronteira
também do grave, sisudo):
“o de nervos de madeira,
de punhos secos de fibra”,
o que calcula as maneiras
de cada corda que vibra
e acorda em toda a magia
do “fluido aceiro da vida”
a frágua, a gitanería,
sim, ouvi Francisco Sánchez
Gómez, Paco de Lucía:
cultivando uma avalanche
de toques, mas com mão certa,
não deixa que se desmanche
o toque que se completa
com o elenco dos tablaos
e das peñas mais secretas,
pois tal guitarra, ou granada
que explode à frente do elenco,
sempre renasce – extremada –
dos pés, da voz do flamenco.
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