ASSIM RESPIRO
É quando as nuvens migram aves através
do meu pensamento
É quando o relâmpago centelha azul através
de meus olhos
É quando o trovão atroa tambor através
do meu silêncio
É quando o aroma da aurora sobe rosa através
de minhas narinas
É quando o sol e a lua fundem-se através
de minha face
É quando o rio ri correndo através
de minhas lágrimas
É quando o mar onda e se areia através
dos meus dedos
É quando o vento redemoinha e uiva através
de minha dor
É quando um buraco negro abre a boca através
de minha sombra
É quando as estrelas nascem e morrem através
de minha luz
É quando a chuva cristalina através
de minha melancolia
É quando a noite e o dia se abraçam através
do meu peito
É quando o amor garça suas asas brancas através
de meus braços negros
É quando a árvore se eleva solitária através
de meu trono
É quando as raízes unem-se à terra através
dos meus pés
É quando o sopro divino vibra o invisível através
de minha voz
(Do livro A sombra da ausência, de Antônio Moura. Bauru: Lumme Editor, 2010.)
Uma resenha do livro no Jornal do Brasil, http://jbonline.terra.com.br/pextra/2010/01/29/e290118601.asp
ResponderExcluirO cantar da ausência... não conseguimos conviver com o vazio, apenas a poesia para torná-lo ainda maior... E a realidade se assoma à sombra das palavras, implacável, e zombeteira.
ResponderExcluirBjs! e bjs ao Antônio Moura, que soube cavar o nada que se aloja nas mentes mais brilhantes, talvez as únicas que sintam o vazio qd olham as estrelas, mera ilusão de existência.