Após almoçar no restaurante indiano, aceitei a sugestão de Horácio Costa e fui visitar o Museu do Oriente, que traz coleções de objetos de arte da China, Índia, Japão, Coréia e principalmente dos territórios que fizeram parte do império português no continente asiático: Goa, Macau, Timor Leste. Fiquei encantando com as gravuras chinesas que fizeram parte da coleção pessoal de Camilo Pessanha, as esculturas que representam Kwanin (o Buda feminino da Compaixão), os biombos japoneses dos séculos XVII e XVIII, as armaduras e espadas de samurais do período Meiji (1868-1912) e um rico acervo com obras de Timor Leste. Na loja do museu, comprei, entre outras coisas, as Cartas do Extremo Oriente, de Wenceslau de Moraes, escritor português que viveu em Macau e no Japão no final do século XIX, converteu-se ao budismo e vestia-se com roupas tradicionais japonesas. Assim como Camilo Pessanha, ele foi um dos primeiros intelectuais portugueses que estudaram com seriedade a arte e a filosofia orientais. No final da tarde, visitei o Museu Nacional de Arte Antiga, na rua das Janelas Verdes, que possui uma coleção de pinturas de mestres como Albrecht Dürer e Cranach, o Velho, além do tríptico As Tentações de Santo Antão, de Hieronymus Bosch. O museu apresenta ainda peças de ourivesaria e joalheria portuguesas, obras em cerâmica da China e do Japão e uma sala decorada com mobiliário português do século XVIII. É preciso percorrer, por várias horas, as salas desse museu, para saborear aos poucos o seu acervo. À noite, como despedida, fui jantar em um excelente restaurante francês, onde comi um prato de carneiro inesquecível. No dia seguinte, eu deveria voltar a São Paulo, se não perdesse o avião, mas já contei essa história a vocês...
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