sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
TRÊS POEMAS DE JOYCE MANSOUR
A amazona comia seu derradeiro seio
À noite antes da batalha final
Seu cavalo calvo respirava o ar fresco do mar
Escoiceando de ódio relinchando seu medo
Pois os deuses desciam dos montes da ciência
Traziam consigo os homens
E os tanques
***
Febre teu sexo é um caranguejo
Febre os gatos mamam em tuas tetas verdes
Febre a rapidez do movimento de tuas ancas
A voracidade de tuas mucosas canibais
O abraço de teus tubos que estremecem que bradam
Despedaçam meus dedos de couro
Arrancam meus pistons
Febre esponja morta inchada de moleza
Minha boca breve ao longo de tua linha do horizonte
Viajante sem medo em um mar de frenesi
* * *
Quero partir sem bagagens para o céu
Meu desgosto asfixia-me porque a minha lingua é pura
Quero partir para longe das mulheres com mãos gordas
Que acariciam meus seios nus
E que cospem sua urina em minha sopa
Quero partir silenciosa à noite
Hibernar nas brumas do esquecimento
Penteada por um rato
Estapeada pelo vento
Tentando crer nas mentiras de meu amante
Tradução : Roberto Bessa
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