NOITE MORTANoite morta.
Junto ao poste de iluminação
Os sapos engolem mosquitos.
Ninguém passa na estrada.
Nem um bêbado.
No entanto há seguramente por ela uma procissão de sombras.
Sombras de todos os que passaram.
Os que ainda vivem e os que já morreram.
O córrego chora.
A voz da noite...
(Não desta noite, mas de outra maior)
(Poema do livro Ritmo Dissoluto.)
Este é um dos melhores poemas de Bandeira, para mim, pela síntese verbal, precisão na construção das imagens, construção "cinematográfica" da narrativa, com closes e cortes (diferente do estilo da crônica de jornal), ausência de pieguice. Há um viés metafísico no final, que cria um contraste com as descrições objetivas das primeiras linhas. É um poema inteligente, que aproxima-se de Murilo e Cabral.
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