terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
UM POEMA DE SÉRGIO MEDEIROS
KAPOOR
O sol estava sujo, ou parecia, na rua e na calçada. Havia um sopro gasto e fixo ali, entre crianças deformadas.
Entramos, éramos três. Frescas sombras e claridades, como numa biblioteca imponente, com guardas. Eis que:
A névoa desce e se debate embaixo /
ou a névoa sobe e seus pés
somem, enquanto sua cabeleira,
no alto, enleia-se
na arquitetura...
O esqueleto da névoa
é como um...
vácuo longuíssimo
que, escurecendo,
se esconde no seu sopro alvo...
A névoa é um dedo
tocando o teto / ou
unha imensa de um dedo
grosso...
fincado no chão...
(Ao redor, sempre para
cima: as paredes não falam,
mas têm pomo-de-adão
acentuado / diante do espelho,
nossos reflexos esmigalhados voam para
todos os lados, como bandos
de pássaros velozes.)
(Poema incluído na antologia de poesia brasileira contemporânea Todo começo é involuntário, que espero publicar neste ano.)
"as paredes não falam,
ResponderExcluirmas têm pomo-de-adão
acentuado / diante do espelho"
algumas imagens do ca..