Três cantores negros
com patas de aves, esguias,
assustadiços sempre,
esquivos mas fiéis,
não abandonam o Mundo,
presente em grande parte
naquelas árvores.
Três árvores e três cantores?
Ou apenas a ilusão
de que também as árvores
cantam, depois
de tanto amor?
E o mundo está
em três melros, hibiscos?
* * *
Tantos poetas morreram, em minha vida,
antes de mim, não só no sangue ou só na carne,
mas na portuguesa língua.
Deles fica a obra que fizeram.
Todavia vocábulos, para sempre
insonoros, ou no futuro incriados,
demonstram que os poetas todos
morrem sempre mais na língua.
(Do site http://sedapura.blogspot.com/2008/11/cabea-em-ambulncia-h-feridas-cclicas-h.html)
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