terça-feira, 27 de novembro de 2012

POEMAS PARA A PALESTINA


Caros, o Fórum Social Mundial Palestina Livre (FSMPL) acontecerá entre os dias 28 de novembro e 01 de dezembro, na cidade de Porto Alegre (RS). O evento é organizado por movimentos sociais, sindicatos, entidades estudantis e populares como a CUT, UNE, MST, Federação Árabe Palestina (Fepal) e conta com o apoio e participação da revista Zunái. Amanhã, às 14h, participarei da mesa temática "A arte de resistência e a solidariedade com o povo palestino", na Casa Palestina -- Usina do Gasômetro. Estarão na mesa comigo Natália Forcat, Luciana Garcia e o cartunista Eugênio. Na ocasião, haverá o lançamento da plaquete Qasaêd Ila Falastin -- poemas para a Palestina -- com textos de 15 autores brasileiros, entre eles Glauco Mattoso, Andréia Carvalho, Lígia Dabul e Jônatas Onofre. Quem quiser encomendar um exemplar da plaquete pode escrever uma mensagem para mim, pelo e-mail claudio.dan@gmail.com 

POEMAS DE JOANA CORONA



biblioteca queimada -
a silhueta dos livros na parede, um rumor
na memória e depois do incêndio:
fuligem, negrume, pó e
silêncio
no chão, incógnito:
um labirinto de vidros quebrados
intransponível
senão pelo olhar,
estilhaço translúcido

espaço-esquecimento, de
sombra e luz



um rastro, um rasto, um vulto
pensar em não ver
o que não é imagem

os óculos embaçados do café
a neblina ofuscando um princípio
de dia, pela janela
um gesto qualquer de invisibilidade

sombra, eco, um pequeno
traço esboçado no ar,
uma existência

  
constelação
de não ditos, nuvens, pontos cegos e
mudos, mutações

um pacto de amor
uma contravenção
morte: a nossa, prolongada,
morrendo um no outro

é bom estar no mar
silencio contigo
na água, na areia, no deserto, no dia ensolarado
de janeiro

ficamos a sós
ficamos sós e calamos
diante do nada

O PT E O JULGAMENTO DA AÇÃO PENAL 470


O PT, amparado no princípio da liberdade de expressão, critica e torna pública sua discordância da decisão do Supremo Tribunal Federal que, no julgamento da Ação Penal 470, condenou e imputou penas desproporcionais a alguns de seus filiados.

1. O STF não garantiu o amplo direito de defesa

O STF negou aos réus que não tinham direito ao foro especial a possibilidade de recorrer a instâncias inferiores da Justiça. Suprimiu-lhes, portanto, a plenitude do direito de defesa, que é um direito fundamental da cidadania internacionalmente consagrado.
A Constituição estabelece, no artigo 102, que apenas o presidente, o vice-presidente da República, os membros do Congresso Nacional, os próprios ministros do STF e o Procurador Geral da República podem ser processados e julgados exclusivamente pela Suprema Corte. E, também, nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os ministros de Estado, os comandantes das três Armas, os membros dos Tribunais superiores, do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática em caráter permanente.

Foi por esta razão que o ex-ministro Marcio Thomaz Bastos, logo no início do julgamento, pediu o desmembramento do processo. O que foi negado pelo STF, muito embora tenha decidido em sentido contrário no caso do “mensalão do PSDB” de Minas Gerais.

Ou seja: dois pesos, duas medidas; situações idênticas tratadas desigualmente.

Vale lembrar, finalmente, que em quatro ocasiões recentes, o STF votou pelo desmembramento de processos, para que pessoas sem foro privilegiado fossem julgadas pela primeira instância – todas elas posteriores à decisão de julgar a Ação Penal 470 de uma só vez.

Por isso mesmo, o PT considera legítimo e coerente, do ponto de vista legal, que os réus agora condenados pelo STF recorram a todos os meios jurídicos para se defenderem.

2. O STF deu valor de prova a indícios

Parte do STF decidiu pelas condenações, mesmo não havendo provas no processo. O julgamento não foi isento, de acordo com os autos e à luz das provas. Ao contrário, foi influenciado por um discurso paralelo e desenvolveu-se de forma “pouco ortodoxa” (segundo as palavras de um ministro do STF). Houve flexibilização do uso de provas, transferência do ônus da prova aos réus, presunções, ilações, deduções, inferências e a transformação de indícios em provas.

À falta de elementos objetivos na denúncia, deducões, ilações e conjecturas preencheram as lacunas probatórias – fato grave sobretudo quando se trata de ação penal, que pode condenar pessoas à privação de liberdade. Como se sabe, indícios apontam simplesmente possibilidades, nunca certezas capazes de fundamentar o livre convencimento motivado do julgador. Indícios nada mais são que sugestões, nunca evidências ou provas cabais.
Cabe à acusação apresentar, para se desincumbir de seu ônus processual, provas do que alega e, assim, obter a condenação de quem quer que seja. No caso em questão, imputou-se aos réus a obrigação de provar sua inocência ou comprovar álibis em sua defesa — papel que competiria ao acusador. A Suprema Corte inverteu, portanto, o ônus da prova.

3. O domínio funcional do fato não dispensa provas

O STF deu estatuto legal a uma teoria nascida na Alemanha nazista, em 1939, atualizada em 1963 em plena Guerra Fria e considerada superada por diversos juristas. Segundo esta doutrina, considera-se autor não apenas quem executa um crime, mas quem tem ou poderia ter, devido  a sua função, capacidade de decisão sobre sua realização. Isto é, a improbabilidade de desconhecimento do crime seria suficiente para a condenação.

Ao lançarem mão da teoria do domínio funcional do fato, os ministros inferiram que o ex-ministro José Dirceu, pela posição de influência que ocupava, poderia ser condenado, mesmo sem provarem que participou diretamente dos fatos apontados como crimes. Ou que, tendo conhecimento deles, não agiu (ou omitiu-se) para evitar que se consumassem. Expressão-síntese da doutrina foi verbalizada pelo presidente do STF, quando indagou não se o réu tinha conhecimento dos fatos, mas se o réu “tinha como não saber”…

Ao admitir o ato de ofício presumido e adotar a teoria do direito do fato como responsabilidade objetiva, o STF cria um precedente perigoso: o de alguém ser condenado pelo que é, e não pelo que teria feito.
Trata-se de uma interpretação da lei moldada unicamente para atender a conveniência de condenar pessoas específicas e, indiretamente, atingir o partido a que estão vinculadas.
4. O risco da insegurança jurídica

As decisões do STF, em muitos pontos, prenunciam o fim do garantismo, o rebaixamento do direito de defesa, do avanço da noção de presunção de culpa em vez de inocência. E, ao inovar que a lavagem de dinheiro independe de crime antecedente, bem como ao concluir que houve compra de votos de parlamentares, o STF instaurou um clima de insegurança jurídica no País.

Pairam dúvidas se o novo paradigma se repetirá em outros julgamentos, ou, ainda, se os juízes de primeira instância e os tribunais seguirão a mesma trilha da Suprema Corte.
Doravante, juízes inescrupulosos, ou vinculados a interesses de qualquer espécie nas comarcas em que atuam poderão valer-se de provas indiciárias ou da teoria do domínio do fato para condenar desafetos ou inimigos políticos de caciques partidários locais.
Quanto à suposta compra de votos, cuja mácula comprometeria até mesmo emendas constitucionais, como as das reformas tributária e previdenciária, já estão em andamento ações diretas de inconstitucionalidade, movidas por sindicatos e pessoas físicas, com o intuito de fulminar as ditas mudanças na Carta Magna.

Ao instaurar-se a insegurança jurídica, não perdem apenas os que foram injustiçados no curso da Ação Penal 470. Perde a sociedade, que fica exposta a casuísmos e decisões de ocasião. Perde, enfim, o próprio Estado Democrático de Direito.
5. O STF fez um julgamento político

Sob intensa pressão da mídia conservadora — cujos veículos cumprem um papel de oposição ao governo e propagam a repulsa de uma certa elite ao PT – ministros do STF confirmaram condenações anunciadas, anteciparam votos à imprensa, pronunciaram-se fora dos autos e, por fim, imiscuiram-se em áreas reservadas ao Legislativo e ao Executivo, ferindo assim a independência entre os poderes.

Único dos poderes da República cujos integrantes independem do voto popular e detêm mandato vitalício até completarem 70 anos, o Supremo Tribunal Federal – assim como os demais poderes e todos os tribunais daqui e do exterior – faz política. E o fez, claramente, ao julgar a Ação Penal 470.

Fez política ao definir o calendário convenientemente coincidente com as eleições. Fez política ao recusar o desmembramento da ação e ao escolher a teoria do domínio do fato para compensar a escassez de provas.

Contrariamente a sua natureza, de corte constitucional contra-majoritária, o STF, ao deixar-se contaminar pela pressão de certos meios de comunicação e sem distanciar-se do processo político eleitoral, não assegurou-se a necessária isenção que deveria pautar seus julgamentos.

No STF, venceram as posições políticas ideológicas, muito bem representadas pela mídia conservadora neste episódio: a maioria dos ministros transformou delitos eleitorais em delitos de Estado (desvio de dinheiro público e compra de votos).

Embora realizado nos marcos do Estado Democrático de Direito sob o qual vivemos, o julgamento, nitidamente político, desrespeitou garantias constitucionais para retratar processos de corrupção à revelia de provas, condenar os réus e tentar criminalizar o PT. Assim orientado, o julgamento convergiu para produzir dois resultados: condenar os réus, em vários casos sem que houvesse provas nos autos, mas, principalmente, condenar alguns pela “compra de votos” para, desta forma, tentar criminalizar o PT.

Dezenas de testemunhas juramentadas acabaram simplesmente desprezadas. Inúmeras contraprovas não foram sequer objeto de análise. E inúmeras jurisprudências terminaram alteradas para servir aos objetivos da condenação.

Alguns ministros procuraram adequar a realidade à denúncia do Procurador Geral, supostamente por ouvir o chamado clamor da opinião pública, muito embora ele só se fizesse presente na mídia de direita, menos preocupada com a moralidade pública do que em tentar manchar a imagem histórica do governo Lula, como se quisesse matá-lo politicamente. O procurador não escondeu seu viés de parcialidade ao afirmar que seria positivo se o julgamento interferisse no resultado das eleições.

A luta pela Justiça continua

O PT envidará todos os esforços para que a partidarização do Judiciário, evidente no julgamento da Ação Penal 470, seja contida. Erros e ilegalidades que tenham sido cometidos por filiados do partido no âmbito de um sistema eleitoral inconsistente – que o PT luta para transformar através do projeto de reforma política em tramitação no Congresso Nacional – não justificam que o poder político da toga suplante a força da lei e dos poderes que emanam do povo.

Na trajetória do PT, que nasceu lutando pela democracia no Brasil, muitos foram os obstáculos que tivemos de transpor até nos convertermos no partido de maior preferência dos brasileiros. No partido que elegeu um operário duas vezes presidente da República e a primeira mulher como suprema mandatária. Ambos, Lula e Dilma, gozam de ampla aprovação em todos os setores da sociedade, pelas profundas transformações que têm promovido, principalmente nas condições de vida dos mais pobres.

A despeito das campanhas de ódio e preconceito, Lula e Dilma elevaram o Brasil a um novo estágio: 28 milhões de pessoas deixaram a miséria extrema e 40 milhões ascenderam socialmente.

Abriram-se novas oportunidades para todos, o Brasil tornou-se a 6a.economia do mundo e é respeitado internacionalmente, nada mais devendo a ninguém.

Tanto quanto fizemos antes do início do julgamento, o PT reafirma sua convicção de que não houve compra de votos no Congresso Nacional, nem tampouco o pagamento de mesada a parlamentares. Reafirmamos, também, que não houve, da parte de petistas denunciados, utilização de recursos públicos, nem apropriação privada e pessoal.

Ao mesmo tempo, reiteramos as resoluções de nosso Congresso Nacional, acerca de erros políticos cometidos coletiva ou individualmente.

É com esta postura equilibrada e serena que o PT não se deixa intimidar pelos que clamam pelo linchamento moral de companheiros injustamente condenados. Nosso partido terá forças para vencer mais este desafio. Continuaremos a lutar por uma profunda reforma do sistema político – o que inclui o financiamento público das campanhas eleitorais – e pela maior democratização do Estado, o que envolve constante disputa popular contra arbitrariedades como as perpetradas no julgamento da Ação Penal 470, em relação às  quais não pouparemos esforços para que sejam revistas e corrigidas.

Conclamamos nossa militância a mobilizar-se em defesa do PT e de nossas bandeiras; a tornar o partido cada vez mais democrático e vinculado às lutas sociais. Um partido cada vez mais comprometido com as transformações em favor da igualdade e da liberdade.

São Paulo, 14 de novembro de 2012.

Comissão Executiva Nacional do PT.

sábado, 24 de novembro de 2012

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL PALESTINA LIVRE



 Caros, o Fórum Social Mundial Palestina Livre (FSMPL) acontecerá entre os dias 28 de novembro e 01 de dezembro, na cidade de Porto Alegre (RS). O evento é organizado por movimentos sociais, sindicatos, entidades estudantis e populares como a CUT, UNE, MST, Federação Árabe Palestina (Fepal) e conta com o apoio e participação da revista Zunái. Confiram abaixo algumas atividades do Fórum:


DIA 28 – QUARTA-FEIRA

 A arte de resistência e a solidariedade com o povo palestino

Prof. Claudio Daniel - Revista Zunái; Eugênio Neves, Cartunista; Luciana Garcia, Historiadora e Natália Forcat, Artista Gráfica

Entidade promotora: FEPAL-Federação Árabe Palestina do Brasil

A atividade promoverá análise/debate sobre as formas de resistência e solidariedade ao povo palestino através da charge, poesia e outras artes.

14h às 16 h - Usina do Gasômetro - Casa Palestina

A economia politica da ocupação da Palestina

Prof. Dr. Jabr Omar – Universidade Federal de Pelotas

Entidade promotora: FEPAL-Federação Árabe Palestina do Brasil

Propõe analisar os fatores econômicos e geopolíticos por trás da ocupação da palestina. Desde a descoberta do Petróleo na região do Oriente Médio, as grandes potencias sempre tiver ambições que resultaram em estratégias politicas, econômicas e militares visando o domínio da região. A Palestina, inserida nesse contexto, sofreu as mais graves e conhecidas consequências dessa geopolítica internacional.

16h30 às 18:30 - Usina do Gasômetro - Casa Palestina                                                     

A comunidade palestina na fronteira: afirmação cultural e força econômica
Profa. Liane Chipollino Aseff – Historiadora
Entidade promotora: FEPAL-Federação Árabe Palestina do Brasil

A atividade tem por objetivo refletir sobre a trajetória dos imigrantes palestinos na cidade de Santana do Livramento (RS) a partir da década de 1960. Nesse período a comunidade local passou a conviver com uma cultura diferente, diversa daquela tida como “fronteiriça”, o que inicialmente gerou certo encantamento, dado o “exotismo” de sua cultura e métodos de vendas. 

16:30 às 18:30 - Usina do Gasômetro- Casa Palestina


DIA 29 – QUINTA-FEIRA

A luta de resistência das mulheres palestinas

Entidades promotoras: Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Federação Democrática Internacional das Mulheres (FDIM), União Brasileira de Mulheres (UBM), Confederação de Mulheres Brasileiras (CMB), CUT, MST/Via Campesina, Kairós e outras 
                                                                                                                                             14 às 16 h - UFRGS - Federal - Salão de Festas – Reitoria

Da Muralha de Ferro aos Muros de Separação
Prof. Dr. André  Gattaz  - Historiador    
Entidade promotora: FEPAL-Federação Árabe Palestina do Brasil
  
Conferência com o historiador André Gattaz, abordando aspectos históricos do conflito entre palestinos e colonos sionistas, de maneira a melhor compreender o contexto atual da ocupação israelense da Cisjordânia e a nova configuração do domínio sionista, baseada na guetização da palestina por meio da construção dos muros de separação.      
                                                                                                                                              14 às 16 h - Usina do Gasômetro - Casa Palestina

As esquerdas palestina e latino-americana: diálogos sobre a paz, a soberania e a descolonização

Entidades promotoras: Fundação Perseu Abramo/FPA, Fundação Maurício Grabois/FMG, Foro de São Paulo/FSP

14 às 16 h –  Assembléia Legislativa – Plenarinho/Auditório

DIA 30 – SEXTA-FEIRA

A luta social na Palestina ocupada
Entidades promotoras: Fundação Maurício Grabois - FMG, Fundação Perseu Abramo - FPA e Foro de São Paulo – FSP
12:15 às 13:30 - Assembléia Legislativa - sala Alberto Pasqualini (4º andar)

A Paz no Oriente Médio e a Construção do Estado da Palestina
Entidades promotoras: Cebrapaz, CMP, Capítulo Cubano del Foro Social Mundial, Movimiento Cubano por la Paz, OSPAAL, FEPAL, FEARAB América

14 às 16 h – Assembléia Legislativa – Auditório Dante Barone

Plenária "Estado da Palestina Já”
                                                                         
Convocação do COMITÊ PELO ESTADO DA PALESTINA JÁ!   composto por 30 entidades nacionais: CUT, FS, CTB, CGTB, UGT,  NCST, CONTEE, CMP, Cebrapaz FDIM, MMM, UBM, CMB, CMP, MST, CONAM, CNAB, MNU, UNEGRO, UNE, UBES, UJS, Juventude do PT, FEPAL, FEARAB Brasil e América, BibliASPA, IJB, ABIB, IBEI. 
                                                                                                                                                                                                                                                                        
O evento contará com várias personalidades e autoridades nacionais e internacionais. A plenária definirá ações propositivas de solidariedade ao povo palestino e será lido o Manifesto “Estado da Palestina Já”.

16:30 às 18:30 – Usina do Gasômetro – Casa Palestina  


DIA 01 – SÁBADO

30 anos do Massace de Sabra e Chatilla: heranças, cicatrizes e a sobrevivência dos refugiados  

Lúcia Helena Issa – Jornalista e escritora
Emir Mourad – Secretário Geral da FEPAL

Nos dias 16, 17 e 18 de setembro de 1982, o massacre nos campos de refugiados palestinos de Sabra e Chatila, no Líbano, deixou mais de três mil mortos. O ato criminoso foi executado por milícias falangistas libanesas, com proteção e apoio do exército israelense, que ocupava o país. A jornalista Lucia Helena esteve nos campos em 2010 e 2011 e conviveu com crianças, velhos, jovens, mulheres que carregam as cicatrizes da chacina de parentes, amigos e familiares. Lúcia prestará seu testemunho de como a luta por dignidade, sobrevivência e retorno estão presentes no dia-a-dia dos palestinos de Sabra e Chatila. Da miséria e pobreza dos campos, Lucia descobre a força da mulher palestina, sua determinação e coragem.

14 às 16 h - Usina do Gasômetro - Casa Palestina

Sionismo, teoria e prática

Dr. Abdel Latif - Médico, Conselheiro da FEPAL

Entidade promotora: FEPAL– Federação Árabe Palestina do Brasil

O mundo que se autoproclama civilizado adotou novos conceitos em relação a Israel: massacrar crianças árabes é ato de autodefesa; campos de concentração para palestinos em Gaza e Cisjordânia são Estado palestino; negar os direitos básicos dos palestinos a um Estado livre e independente é garantia de segurança para Israel; discriminação  contra os não judeus em Israel é necessário para manter o caráter judaico do Estado; ter lei de retorno de dois mil anos a judeus  e negar o direito dos palestinos expulsos desde 1948  a retornar é essência do Estado judeu; “democracia”  que exclui uma significativa parte da população (os não judeus) é “democracia” etc. Esses conceitos e politicas praticadas por Israel tem sua origem no sionismo, que desde o seu primeiro congresso em 1898, vem criando teorias e as praticando de forma sistêmica e contínua.

16:30 às 18:30 -  Usina do Gasômetro – Casa Palestina
O Sarau Árabe-Palestino – A Resistência da Milenar Cultura Palestina

Entidades promotoras: Instituto Jerusalém do Brasil e
FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil

Com a participação de Gilberto Abrão, Celso de Menezes, Claude Hajjar e Aída Gamal e Talita Vital e direção de  Ali El-Khatib, Presidente do Instituto Jerusalém do Brasil.

O Sarau Árabe-Palestino tem origens  nas Sahras. Sahra é o encontro noturno das famílias onde se conversa, se declama poesias, se canta, se contam histórias e dançam. É uma atividade lúdica com forte sabor de resistência dos valores familiares. Serão declamados poemas de Mahmud Darwish, Fadwa Tukan e contação de estórias típicas das aldeias palestinas e danças folclóricas.  Será exibido o filme de Marcio Curi, A ÚLTIMA ESTAÇÃO  que fez a abertura do Festival Internacional de Cinema de Brasília e participou do Festival Internacional de Cinema de São Paulo.

19 às 23 h – Usina do Gasômetro – Casa Palestina


ATIVIDADES  AUTOGESTIONADAS  PERMANENTES

DIAS 29, 30 E 01 - QUINTA, SEXTA E SÁBADO

Mostra de Cinema Palestina Livre

Entidades promotoras:
BibliASPA – Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes e
FEPAL– Federação Árabe Palestina do Brasil

 A Mostra de Cinema Palestina Livre apresenta filmes ficcionais e documentários que retratam a dura realidade do povo palestino, sua persistente resistência e identidade. As tentativas de apagamento de sua história e identidade, assim como os efeitos da ocupação das terras palestinas, constituem alguns dos temas desta Mostra, que integra um amplo projeto de estudos acerca da Palestina.  Os filmes serão acompanhados de debates.


20 às 22:30 – Usina do Gasômetro – Casa Palestina
Exposição “Charges de Carlos Latuff”

Entidades promotoras:
BibliASPA – Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes e
FEPAL– Federação Árabe Palestina do Brasil

 As charges realizadas por Carlos Latuff abordam temas sociais e políticos do Brasil e do Mundo. Um dos principais chargistas conhecidos internacionalmente, Latuff iniciou seu trabalho como cartunista desenhando para um boletim sindical e permanece trabalhando na imprensa sindical. Após viajar à Cisjordânia, na Palestina, em 1999, começou a dedicar-se a retratar a dura realidade do povo palestino, buscando chamar a atenção pública para o lado mais desprivilegiado desse embate. Atualmente, as charges de Latuff podem ser encontradas impressas em jornais do mundo afora, nas mais diferentes línguas, ou em exposições como esta.

9 às 22:30 – Usina do Gasômetro – Casa Palestina

Palestina: Paisagem Fragmentada

Entidades promotoras:
BibliASPA – Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes e
FEPAL– Federação Árabe Palestina do Brasil


 A exposição “Palestina: Paisagem Fragmentada” apresenta fotografias que demonstram violações de direitos humanos cometidas por forças israelenses em diferentes localidades palestinas, a discriminação sofrida por palestinos e as dificuldades que essa população enfrenta no dia-a-dia, de crianças a idosos.
Entre outros temas, a exposição aborda as revistas forçadas, os controles militares e as colônias construídas ilegalmente em território palestino, entre outros efeitos da ocupação israelense.

9 às 22:30 – Usina do Gasômetro – Casa Palestina

Composições gráficas da Palestina a partir de poesia

Entidades promotoras:
BibliASPA – Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes e
FEPAL– Federação Árabe Palestina do Brasil

 Esta exposição, que demonstra a força da resistência palestina em expressões artísticas como a poesia e a arte visual, apresenta composições gráficas feitas pela artista Janaina Elias a partir de versos do poeta palestino Mahmud Darwich utilizando o gestual da escrita árabe e traduções em língua portuguesa publicadas pelas Edições BibliASPA (Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes).

9 às 22:30 – Usina do Gasômetro – Casa Palestina

 Exposição interativa Uma terra sem povo para um povo sem terra

BibliASPA – Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes e
FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil

A exposição “Uma Terra Sem Povo Para Um Povo Sem Terra” é composta de cartazes gráficos interativos sobre o embate entre Israel e a Palestina. Produz um discurso visual em torno das tensões sociais da vida cotidiana nesta região onde três continentes colidem e propõe uma nova abordagem de pensamento sobre o conflito. O discurso é crítico, mas também irônico e, de forma descontraída, expõe a situação atual, convidando as pessoas a colorir os mapas e desenhos ao longo da exposição.  Por exemplo, mostra-se um mapa do território descontínuo e constantemente interrompido da Palestina, ao lado da pergunta “Que território é este?” e das opções A) ILHAS CARAÍBAS; B) ILHAS MAURÍCIO; C) ILHAS BORA BORA; D) PALESTINA. A resposta vem acompanhada de texto explicativo sobre as restrições à circulação e outra violações de direitos humanos. A exposição visa desconstruir mitos como aquele que a nomeia.

9 às 22:30 – Usina do Gasômetro – Casa Palestina

ISRAEL É UM ESTADO TERRORISTA E ASSASSINO




ISRAEL NÃO É UMA DEMOCRACIA. É um país sem Constituição, em que o direito de cidadania se confunde com a origem étnica e a crença religiosa. É um estado racista, em que judeus e não-judeus não são iguais perante a lei e não têm os mesmos direitos e deveres. Qualquer cidadão árabe pode ser preso a qualquer momento, sem acusação formal ou direito de defesa, e permanecer meses prisioneiro, submetido a tortura física e psicológica, sem o direito de receber advogado ou familiares.

No campo de concentração de ANSAR III, milhares de prisioneiros palestinos são confinados, sem o respeito às cláusulas internacionais que salvaguardam direitos de prisioneiros de guerra. Israel despreza todas as resoluções da ONU que são contrásrias aos seus interesses, não assinou o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, não permite inspeções da AIEA à usina nuclerar de Dimona e utiliza armas químicas contra populações civis, como as bombas de fósforo branco, usadas no Líbano e na Palestina.

Israel controla os recursos hídricos de Gaza e Cisjordânia, utilizando-os em seu próprio benefício e reservando apenas o mínimo possível de água à população palestina. São comuns os crimes ecológicos de Israel, como a destruição de centenas de oliveiras cultivadas em territórios palestinos.

Em tempo: dizer que em 1948 os judeus "retornaram à Palestina" é uma grande mentira. O reino de Israel descrito na Bíblia existiu há 3 mil anos, e durou apenas seis décadas. A civilização árabe-muçulmana palestina, por sua vez, existe há 1.300 anos. Outra coisa: os judeus askenazis, brancos, loiros e de olhos azuis, descendem dos khazares, povo europeu CONVERTIDO ao judaísmo e que imigrou da Europa Oriental para a Alemanha e outros países europeus. Os sefaraditas descendem de povos do Norte da África e da Espanha, também CONVERTIDOS ao judaísmo. Os palestinos são originários da Palestina e foram expulsos de suas casas e terras em 1948 para a criação artificial do estado nazista de Israel, como base do imperialismo no Oriente Médio, para controlar suas riquezas naturais e rotas de navegação.

DEPOIMENTO DE JOSÉ SARAMAGO


 

 Pergunto-me se esses judeus que morreram nos campos de concentração nazistas, esses que foram perseguidos ao longo da História, esses que foram trucidados nos pogrons, esses que apodreceram nos guetos, pergunto-me se essa imensa multidão de infelizes não sentiria vergonha pelos atos infames que os seus descendentes vêm cometendo. Pergunto-me se o fato de terem sofrido tanto não seria a melhor causa para não fazerem sofrer os outros.

As pedras de Davi mudaram de mãos, agora são os palestinos que as atiram. Golias está do outro lado, armado e equipado como nunca se viu soldado algum na história das guerras, salvo, claro está, o amigo americano. Ah, sim, as horrendas matanças de civis causadas pelos chamados terroristas suicidas... Horrendas, sim, sem dúvida, condenáveis, sim, sem dúvida. Mas Israel ainda terá muito que aprender se não é capaz de compreender as razões que podem levar um ser humano a transformar-se numa bomba.

DEPOIMENTO DE MAHATMA GANDHI





O pedido por um lar nacional para os judeus não me convence.

Por que eles não fazem, como qualquer outro dos povos do planeta, que vivem no país onde nasceram e fizeram dele o seu lar?

A Palestina pertence aos palestinos, da mesma forma que a Inglaterra pertence aos ingleses, ou a França aos franceses.

É errado e desumano impor os judeus aos árabes. O que está acontecendo na Palestina não é justificável por nenhuma moralidade ou código de ética. Os mandatos não têm valor. Certamente, seria um crime contra a humanidade reduzir o orgulho árabe para que a Palestina fosse entregue aos judeus parcialmente ou totalmente como o lar nacional judaico.
O caminho mais nobre seria insistir num tratamento justo para os judeus em qualquer parte do mundo em que eles nascessem ou vivessem. Os judeus nascidos na França são franceses, da mesma forma que os cristãos nascidos na França são franceses.

Se os judeus não têm um lar senão a Palestina, eles apreciariam a idéia de serem forçados a deixar as outras partes do mundo onde estão assentados? Ou eles querem um lar duplo onde possam ficar à vontade?

Este pedido por um lar nacional oferece várias justificativas para a expulsão dos judeus da Alemanha. Mas a perseguição dos alemães aos judeus parece não ter paralelo na História. Os antigos tiranos nunca foram tão loucos quanto Hitler parece ser.

E ele está fazendo isso com zelo religioso. Ele está propondo uma nova religião de exclusivo e militante nacionalismo em nome do qual, qualquer atrocidade se transforma em um ato de humanidade a ser recompensado aqui e no futuro. Os crimes de um homem desorientado e intrépido, estão sendo observados sob o olhar da sua raça, com uma ferocidade inacreditável.

E agora uma palavra aos judeus na Palestina:

Não tenho dúvidas de que os judeus estão indo pelo caminho errado. A Palestina, na concepção bíblica, não é um tratado geográfico. Ela está em seus corações. Mas se eles devem olhar a Palestina pela geografia como sua pátria mãe, está errado aceitá-la sob a sombra do belicismo britânico. Um ato religioso não pode acontecer com a ajuda da baioneta ou da bomba. Eles poderiam estabelecer-se na Palestina somente pela boa vontade dos palestinos. Eles deveriam procurar convencer o coração palestino. O mesmo Deus que rege o coração árabe, rege o coração judeu. Só assim eles teriam a opinião mundial favorável às suas aspirações religiosas. Há centenas de caminhos para uma solução com os árabes, se descartarem a ajuda da baioneta britânica.

Como está acontecendo, os judeus são responsáveis e cúmplices com outros países, em arruinar um povo que não fez nada de errado com eles.

Eu não estou defendendo as reações dos palestinos. Eu desejaria que tivessem escolhido o caminho da não-violência a resistir ao que eles, corretamente, consideraram como invasão de seu país por estrangeiros. Porém, de acordo com os cânones aceitos de certo e errado, nada pode ser dito contra a resistência árabe face aos esmagadores acontecimentos.

Eles podiam chamar a atenção e o respeito do mundo por serem a criação escolhida de Deus, em vez de se afundarem naquela brutalidade sem limites

M. K. Gandhi Harijan, 26 de novembro de 1938

DEPOIMENTO DE MALCOLM X


A LÓGICA SIONISTA

Os sionistas tem o direito legal ou moral de invadir a Palestina arábica, expulsar seus cidadãos árabes de suas casas e apoderar-se de todos os bens dos árabes para si, apenas baseados na reivindicação "religiosa" de seus ancestrais que ali viveram há 3.000 anos atrás? Há apenas 1.000 anos atrás, os mouros viveram na Espanha. Isto daria aos mouros de hoje o direito legal e moral de invadir a Península Ibérica, expulsar os cidadãos espanhóis e assentá-los em nações marroquinas ... que fazia parte da Espanha, como os sionistas europeus fizeram como nossos irmãos e irmãs da Palestina?

Em resumo, o argumento sionista para justificar a atual ocupação da Palestina arábica não tem base legal ou intelectual na história e nem em sua própria religião. Onde está o Messias deles?

(Editado e re-impresso no The Egyptian Gazette - 17/09/1964)

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A POESIA REBELDE DE MAIAKOVSKI



 
 
Quarta-feira, dia 21/11/12, das 19h30 às 21h 

Debate entre Zoia Prestes e Adalberto Monteiro sobre o livro-poema Lênin, de Maiakovski, publicado pela primeira vez em livro no Brasil pela Editora Anita Garibaldi.  
Entrada Franca.
 Sala de Debates do Centro Cultural São Paulo -- rua Vergueiro, n. 1.000, próximo à estação do metrô.

GALERIA: NICOLLAS RANIERI



Nicollas Ranieri nasceu em 1991, em Uberaba (MG), onde vive. Publicou o livro de poesia Fragmentos (2005) e colaborou em revistas eletrônicas, como Algaravária e Zunái. Participou dos eventos literários Tordesilhas, Festival Ibero-Americano de Poesia Contemporânea (2007) e I Simpoesia (2008).

POEMAS DE NICOLLAS RANIERI



CENA

o ar queima
o mar arde
borboletas
cospem larvas
dragões vomitam
infernos
universos
sóis implodem

silêncio

uma mulher
se despe
se masturba
da vulva
às
vísceras

TENTAÇÃO

metais
elípticos
entre pêlos
de tigres
espinhos
venenos
facas afiadas
fio por fio
no rosto
da amada
faces que
falecem
rastros de
urânio em
explosão
rastros de
um crânio
supernovas
na terra
fendas es
feras aves
saindo e
entrando
ilusões de
um lagarto
no oceano
 
PEDRA

é uma pedra
mas maquie-a aborígine
e a vista com tecidos
ósseos musculares epiteliais
e com lã e seda e cetim
deixe que ela ultrapasse
a forma do casulo e do caracol
mais do que um molde ou fantoche
dê a ela uma vida postiça
alfabetize-a andrógina e lasciva
faça disso um exercício físico
contudo ela é seca – frígida – hostil
e se esquiva: sua origem mineral
quer ser definida pelo tempo
ela quer ser terra, areia
e alheia nada revela
ela se recompõe
é uma pedra

APETITE

com uma arraia
tatuada em suas costas
(invadindo talvez
seus órgãos
e suas costelas)
com um olho místico
tatuado em seu púbis
com seus olhos de gato
com sua epiderme
deserto ela me diz
que fabricamos feras
sem saber que abortei
sua gravidez apocalipse
delicadamente usei faca e garfo
que atravessaram o parto
em seu ventre prato
com seus pêlos pubianos
com suas pálpebras
com seus poros
estéril ela me diz
que fabricamos feras
sem saber que abortei
sua gravidez apocalipse
e alimentaria essas feras
com suas cinzas
e lembranças
(mas agora
assexuadas
acéfalas
elas se fabricam
anômalas)
latejante ela me diz
que fabricamos feras
teia que consome
a aranha

 
LONTRA

sem saber ela
inicia seus jogos

(primeiro
no seu andar

dança
enigmas

depois
no seu infinito

dança
enigmas)

me lanço
- náufrago -
no encantamento

fulgor
- fogo -
onírico
que tatua o
pensar

música no
crepúsculo
de tudo

máscaras
esfinge
- efígie -
nô - non
sense

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

GALERIA: ANDRÉA CATRÓPA





Andréa Catrópa (São Paulo, 1974) é doutoranda em Teoria Literária (FFLCH-USP). Dirigiu o programa de rádio sobre poesia contemporânea Ondas Literárias e publicou o livro de poemas Mergulho às avessas (Lumme Editor:2008).