tag:blogger.com,1999:blog-5360888136135236797.post3350788910190784157..comments2024-01-03T11:35:23.495-08:00Comments on Cantar a Pele de Lontra IV: CÃNONE E ANTICÂNONE (V)Claudio Danielhttp://www.blogger.com/profile/00426697221880395652noreply@blogger.comBlogger9125tag:blogger.com,1999:blog-5360888136135236797.post-62871909556221101522010-03-21T09:54:47.367-07:002010-03-21T09:54:47.367-07:00Claudio, não gostei do texto Barrabás, de Fábio We...Claudio, não gostei do texto Barrabás, de Fábio Weintraub; achei muito simplista, muito pobrezinho, onde está a poesia?Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5360888136135236797.post-87145149825873376822010-03-20T18:16:30.107-07:002010-03-20T18:16:30.107-07:00... não vejo por que o paralelo com Williams... qu...... não vejo por que o paralelo com Williams... que aliava precisão verbal, objetividade, imagética rica, cortes elípticos e música das palavras... Weintraub dialoga mais com certos momentos prosaicos de Manuel Bandeira, querendo despoetizar a poesia e abdicar da metalinguagem em favor de um retrato social que considero bem ingênuo.Claudio Danielhttps://www.blogger.com/profile/00426697221880395652noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5360888136135236797.post-49256069972722384122010-03-20T18:00:17.421-07:002010-03-20T18:00:17.421-07:00Esse poema, Barrabás, é maravilhoso. Me remeteu ao...Esse poema, Barrabás, é maravilhoso. Me remeteu ao WCW...L. Rafael Nollihttps://www.blogger.com/profile/15217704825144333932noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5360888136135236797.post-88470855317926217282010-03-17T12:06:02.729-07:002010-03-17T12:06:02.729-07:00Ótima reflexão, Claudio! Concordo com você. Toda ...Ótima reflexão, Claudio! Concordo com você. Toda ‘poesia’ que mimetiza a realidade factual de maneira especular, ou seja, que não a transfigura (fazendo uso daquilo que Jakobson chamou de “função poética da linguagem”) pouco ou nada contribui para o enriquecimento da Literatura.<br /><br />Gostaria de expor algumas outras reflexões do próprio Gullar sobre as artes plásticas, mas que, como você próprio disse, também podem ser aplicadas à poesia:<br /><br />Falando acerca da pintura abstrata, Gullar nos diz o seguinte: <br /><br />“Quando a pintura elimina progressivamente os temas (religiosos, mitológicos, históricos, literários) e mais tarde a própria imagem das coisas e das pessoas, fazendo convergir as referências de sua linguagem para o interior dessa mesma linguagem, ela entra em crise: passa a duvidar da sua própria razão de ser” (Argumentação Contra a Morte da Arte, p. 56).<br />Mais adiante, num ensaio intitulado “O que diz a obra de arte”, Gullar retoma a ideia concluindo que: “afirmar-se que a arte é o meio menos indicado para dizer alguma coisa implica uma definição da linguagem artística, segundo a qual esta linguagem é um universo fechado que se alimenta exclusivamente de si mesmo” (IDIBEM, p. 71).<br /><br />Citei Gullar para dizer que poesia contemporânea, muitas vezes, se aproxima perigosamente dessa espécie de pintura abstrata fechada em si mesma. Se por um lado mimetizar a realidade factual à maneira de um espelho é um grave equívoco, por outro acreditar que vivemos num mundo cuja realidade se restringe a um sistema de signos, por mais complexo que este seja, é igualmente equivocado (Edmund Hurssel o demonstrou com a sua fenomenologia). <br /><br />Muitos poetas contemporâneos mais parecem diluidores tardios daquela “estética do nonsense” de Edward Lear (que, à época dele, até fazia algum sentido), pois se comprazem em criar monstros verbais cujo único sentido é a completa ausência de sentidos. Mircea Eliade, no livro Mito e Realidade, interpreta, à luz da antropologia, tal estratégia dos artistas contemporâneos: “no fundo, a fascinação pela dificuldade, e mesmo pela incompreensibilidade das obras de arte, trai o desejo de descobrir um novo sentido, secreto, até então desconhecido do Mundo e da existência humana. Sonha-se em ser ‘iniciado’, em chegar a compreender o sentido oculto de todas essas destruições de linguagens artísticas, de todas essas experiências ‘originais’ que, à primeira vista, parecem nada mais ter em comum com a arte.(...) O que nos interessa aqui, entretanto, é que as elites encontram na ininteligibilidade das obras modernas, a possibilidade de uma gnose iniciatória. É um ‘novo mundo’ que está sendo reconstruído a partir das ruínas e de enigmas, um mundo quase privado, que se gostaria de manter para si mesmo e para alguns raros iniciados. Mas é tal o prestígio da dificuldade e da incompreensibilidade, que o ‘público’, por sua vez, é rapidamente conquistado e proclama sua total adesão às descobertas da elite” (apud SANT’ANNA, Desconstruir Duchamp, p. 27-28). A fascinação do público por boa parte da poesia contemporânea, portanto, podemos concluir, deve-se à fascinação por uma falaciosa aura enigmática, à fascinação pelo enigma vazio.<br /> <br />É claro que muitos poetas contemporâneos produzem poemas herméticos de qualidade, mas o fazem porque escolheram se distanciar do que chamo de “estética do nonsense”, “estética” que se opõe completamente, aliás, à concepção de poesia formulada por Valéry, segundo a qual o poema deve fundar-se na permanente hesitação entre o som e o sentido. Para os “nonsenses”, vale única e exclusivamente o famoso aforismo de Lewis Carroll: “tome conta dos sons que o significado tomará conta de si próprio”.<br /><br />Gosto da sua poesia, Claudio, porque ela distancia-se da prosaica representação especular das coisas e não mergulha nesse nonsense de enigmas vazios, sendo uma poesia alicerçada naquilo que Borges chamou de “lógica da imaginação”.<br /><br />Abração,<br /><br />Bernardo,Bernardo Soutohttps://www.blogger.com/profile/02567954016563461119noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5360888136135236797.post-24083781551526615272010-03-17T08:33:07.406-07:002010-03-17T08:33:07.406-07:00Andréa, agradeço pelo comentário, você é sempre be...Andréa, agradeço pelo comentário, você é sempre bem-vinda aqui. Realmente, o Gullar condena o realismo nas artes visuais, embora o pratique na poesia, mas eu achei o comentário dele muito oportuno, e pode ser estendido às outras artes, inclusive a poesia. Acho ótimo haver diversidade de análises sobre a poesia contemporânea (e respeito tua argumentação), e é exatamente nessa tecla que eu estou batendo: pela pluralidade de análises, contra a unanimidade do pensamento único. Coloquei os dois poemas lado a lado porque ambos tratam da realidade social, de maneira diversa, como voce notou, o que permite discutir a eficácia dos procedimentos estéticos adotados por esses poetas (e a meu ver, é isso o que falta na crítica... não importa elogiar ou meter o pau, e sim avaliar os textos de modo consistente). Beso,<br /><br />Cld.Claudio Danielhttps://www.blogger.com/profile/00426697221880395652noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5360888136135236797.post-47891640393842524022010-03-17T08:23:01.509-07:002010-03-17T08:23:01.509-07:00Claudio, há vários aspectos do seu texto que podem...Claudio, há vários aspectos do seu texto que podem ser desenvolvidos, mas este é um blogue, então, talvez seja melhor apenas levantar algumas questões para refletirmos:<br /><br />1. O próprio Gullar, em sua poesia, utiliza-se frequentemente do prosaísmo, dos fragmentos cotidianos;<br />2. Acho que a escassa crítica que ainda circula em grandes jornais e sites privilegia uma poesia que dialoga diretamente com os grandes nomes do alto modernismo (nem preciso escrever quem, né?). O desconforto do poeta diante da escalada desmedida do capitalismo, a desconfiança em relação à própria voz poética, a tentativa de dar voz aos excluídos são clichês críticos (eu também, às vezes, cometo) que mais atrapalham a leitura de uma obra, hoje, do que auxiliam na sua compreensão.<br />3. Você começa a analisar o texto “Barrabás” (estrutura dramática de monólogo, transposta para a lírica como “voz de outro”; versos curtos, ausência de recursos “tradicionalmente poéticos; emprego de termos coloquiais...) apontando recursos de escrita que justamente apontam para um caminho possível da poesia contemporânea. Não dá para separar a construção formal do poema do que ele diz (como/o quê). <br />4. Há alguns aspectos do como no poema, que me interessam: a negação (“não” aparece quatro vezes em um poema curto) que, por tão repetida, aponta para uma inocuidade (o poema figura, assim, uma fala fantasma – ninguém responde, talvez ninguém ouça); a indiferenciação (visualmente os versos se assemelham na disposição e no tamanho, o vocabulário é repetitivo, há apenas uma voz que, apesar de apontar para os outros - marido, ladrão, família do ladrão-, está isolada) que dificulta justamente a discriminação entre o trabalhador e o bandido, já que ambos pertencem a um mesmo estrato social; a oscilação que ocorre na segunda estrofe, quando a voz principal abandona a sua argumentação e expõe uma precariedade que – antes voltada apenas ao outro – a invade. <br />5. Nesse sentido, o como está sintonizado com o quê, em “Barrabás”, de maneira diversa do que ocorre em “Strassenkinder”. Neste último, a sintonia se dá pelo contraste.<br />6. Penso que o aspecto melodramático, que você aponta, poderia, sim, ser um problema...Talvez justamente por uma adesão lírica a uma outra voz, que aparta desse movimento a crítica, a ironia...<br />7. Bom, já ficou muito grande o texto. Escrevo em branco, me calo. <br /> Andréa CatrópaAnonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5360888136135236797.post-12436550440575231862010-03-17T08:09:49.443-07:002010-03-17T08:09:49.443-07:00Caro Celso, concordo inteiramente com você. O que ...Caro Celso, concordo inteiramente com você. O que tento discutir aqui, com base em argumentação crítica e teórica e análise estética, é a eficácia ou não de um poema, e, mais do que isso, os motivos de sua valorização pela crítica, que nem sempre se guiam apenas por aspectos literários. Claro que em toda tendência há bons e maus poetas, e que todas as tendências devem ser respeitadas. Mas os critérios de avaliação e <br />valorização, sim, acho que precisam ser questionados e debatidos, bem como a hegemonia de uma única tendência e o banimento das demais. O abraço do<br /><br />CDClaudio Danielhttps://www.blogger.com/profile/00426697221880395652noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5360888136135236797.post-6229083898386094862010-03-17T08:06:04.690-07:002010-03-17T08:06:04.690-07:00Caros, recebi o seguinte comentário de Celso Vegro...Caros, recebi o seguinte comentário de Celso Vegro, que enviou-me por e-mail, porque não conseguiu postar no blog:<br /><br />"Prezado Claudio Daniel<br />O assunto é por demais empolgante. Creio que a aposta no vetor de se criar um mundo por meio das palavras é o apelo maior para a poesia contemporânea. Todavia, prescindir do subjetivismo dos julgamentos alheios é algo inerente de quem se arrisca a trazer a esse mundo suas modestas contribuições. a Meu ver, os referenciais para se julgar o que se encontra justo e o que não sempre são idiossincráticos à personalidade de cada um, e por isso um aspecto menos relevante. O objetivo do poeta é que todos leiam e produzam poemas independente da filiação literária na qual se sinta mais confortável. Pelo menos nisso é que me empenho."Claudio Danielhttps://www.blogger.com/profile/00426697221880395652noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-5360888136135236797.post-23656588194226243852010-03-16T21:21:40.461-07:002010-03-16T21:21:40.461-07:00Caros, todas os comentários com opiniões diferente...Caros, todas os comentários com opiniões diferentes das minhas serão publicados aqui, sempre que forem baseados em argumentos e com o respeito necessário ao debate de idéias. O objetivo desta série, como já foi dito, é o de discutir os critérios de escolha da crítica literária, pela análise comparativa de textos. O que faz com que um poema seja considerado, hoje, como válido? O que significa que um projeto apresentado num concurso tem consistência e originalidade? Quais são os parâmetros para se avaliar isso? Os autores premiados e louvados pela mídia, hoje, são de fato os mais representativos da literatura brasileira? Com base em quê? A crítica jornalística reflete a qualidade e a variedade da poesia contemporânea, ou apenas reproduz um cânone de validade discutível? Enfim, está aberto o debate!Claudio Danielhttps://www.blogger.com/profile/00426697221880395652noreply@blogger.com