segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

FRENTE BRASIL POPULAR DEFENDE A DEMOCRACIA E O DESENVOLVIMENTO COM JUSTIÇA SOCIAL

Nesta segunda-feira, dia 22 de fevereiro, foi realizada em São Paulo uma reunião da Frente Brasil Popular, que tem o objetivo de defender a democracia no Brasil e o mandato legítimo da presidenta Dilma Rousseff e ao mesmo tempo propor mudanças na política econômica do governo federal, lutar pela ampliação dos direitos e conquistas de trabalhadores e organizar um calendário de lutas e mobilizações populares como a que acontecerá no dia 31 de março, em Brasília.  No período da manhã, foram discutidas análises da conjuntura nacional, que contaram com a participação da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB), do senador Lindebergh Farias (PT), do ex-governador Tarso Genro (PT), do membro do Diretório Nacional do PT Valter Pomar, da presidenta da UNE, Carina Vitral, e da presidenta do Cebrapaz, Socorro Gomes, entre outros representantes de centrais sindicais, entidades estudantis, de mulheres, negros, LGTBs, trabalhadores rurais sem terras e partidos de esquerda.

Em seu discurso na abertura da reunião, Jandira Feghali lembrou as importantes conquistas obtidas em 2015: derrota da tentativa de impeachment de Dilma proposta por Eduardo Cunha no Congresso Nacional, afastamento de Levy do Ministério da Fazenda, arquivamento dos projetos de redução da maioridade penal e da terceirização das relações de trabalho, aprovação das leis orçamentárias, fim do financiamento empresarial das campanhas políticas, formação do Conselho de Ética para a cassação do mandato de Cunha, entre outras. Em 2016, continuou a deputada, líder do PCdoB na Câmara Federal, a tese do impeachment tem menos força, mas a mídia e o judiciário jogam todas as suas cartas na tentativa de destruir a imagem de Lula, que representa o projeto democrático-popular iniciado no Brasil em 2002, sendo necessária uma resposta clara da sociedade em defesa do ex-presidente, responsável pela maior transformação social ocorrida em nosso país em toda a sua história.

Outro desafio político, conforme a deputada, é a necessidade de derrotarmos a “Agenda Brasil” proposta por Renan Calheiros, líder do Senado, que inclui propostas como a autonomia do Banco Central, a abertura de nossas reservas de petróleo e pré-sal para o grande capital internacional, as privatizações e um projeto de lei antiterrorismo que criminaliza os movimentos sociais. Jandira também fez críticas pontuais a algumas ações do governo federal, como a reforma da Previdência, e alertou que seria um grave erro estratégico de Dilma aceitar medidas impopulares em troca da estabilidade política.   

Jandira destacou ainda a necessidade de se apresentar à sociedade uma plataforma não apenas econômica, mas sobretudo política e de defesa dos direitos humanos e fazermos a disputa de narrativas com a direita: não basta denunciarmos os escândalos de corrupção de FHC e do P$DB, mas divulgarmos as conquistas alcançadas nos últimos treze anos de governos democrático-populares, implementarmos uma estratégia criativa e inteligente de comunicação, de acordo com diferentes veículos e públicos, definirmos o projeto de país que defendermos e resgatarmos a dimensão da utopia e do sonho. A deputada destacou também a importância de os movimentos sociais defenderem pontos como a reforma tributária, a taxação das grandes fortunas, a criminalização da sonegação e a redução da jornada de trabalho, dentro de uma perspectiva de retomada do crescimento econômico e do desenvolvimento nacional com justiça social.

Valter Pomar, em seu discurso, afirmou que a ofensiva conservadora que se desenvolve no Brasil é um reflexo da crise dos governos de esquerda na América Latina, que atingiu a Argentina, a Venezuela e agora a Bolívia. O cenário político de 2016, segundo o petista, será ainda pior que o de 2015 porque o alvo principal é o ex-presidente Lula e a própria existência legal do Partido dos Trabalhadores, tendo em vista a eleição de 2018 e a destruição do conjunto da esquerda brasileira. Pomar criticou duramente a reforma da previdência proposta pelo governo federal e o ajuste fiscal, que compromete os programas sociais, defendendo ampliar a mobilização popular e fortalecer a unidade da esquerda de torno de um programa, que inclua o combate ao oligopólio financeiro e a defesa firme da Petrobrás.

Tarso Genro, ex-governador do Rio Grande do Sul pelo Partido dos Trabalhadores, destacou que todos os governos progressistas da América Latina fizeram concessões ao grande capital financeiro, o que resultou na paralisação desses governos. No caso brasileiro, segundo o líder petista, isto não ficou visível antes porque a situação de miséria do país era tão grande que os programas sociais implementados por Lula e Dilma, como o Bolsa-Família, o ProUni e o Minha Casa Minha Vida tiveram um alto impacto no quadro social. Apesar de todas as transformações ocorridas no país, de acordo com o ex-governador, é tarefa urgente a luta pela hegemonia na sociedade, num contexto em que a classe média se desloca para a direita, seduzida pelo discurso conservador. Na atual conjuntura política, desfavorável às forças populares e de esquerda, os riscos são enormes: a coligação entre o capital financeiro, a mídia e o Judiciário ameaça destruir os pilares da atual Constituição e impor grave retrocesso na legislação, com a ameaça de um golpe de estado jurídico pelo STF, que entre outras arbitrariedades permitiria a prisão de Lula. Neste quadro, cabe aos movimentos sociais a tarefa de defesa da ordem democrática e dos direitos constitucionais contra medidas de exceção. O desafio de construir uma candidatura que dê continuidade ao projeto democrático-popular em 2018, segundo o petista, será imenso, pelo esgotamento do atual modelo implementado no Brasil e na América Latina e pela necessidade de uma ampla base social e parlamentar para que seja possível a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte que garanta a democratização do estado brasileiro. Na opinião do ex-governador, vivemos o fim de um ciclo político e a esquerda precisará criar uma nova frente e um novo projeto político em 2018, sem a participação do PMDB, que resgate os valores e tradições da esquerda brasileira e latino-americana.

Socorro Gomes, presidenta Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) recordou que a atual ofensiva conservadora é uma reação às sucessivas vitórias que a esquerda obteve na América Latina desde a eleição de Hugo Chávez na Venezuela, em 1998, que abriu caminho para as vitórias eleitorais de Lula, no Brasil, de Kirchner, na Argentina, de Pepe Mujica, no Uruguai, de Evo Morales, na Bolívia, de Rafael Corrêa, no Equador, e de Daniel Ortega, na Nicarágua. No caso brasileiro, as conquistas sociais foram limitadas pela correlação de forças no Congresso Nacional e na sociedade mas, ainda assim, é imprescindível a defesa do mandato legítimo de Dilma, acompanhada de uma agenda enxuta, apresentada pelos movimentos sociais ao governo federal, com propostas políticas e econômicas que garantam a continuidade das mudanças sociais em curso no país.

Carina Vitral, presidenta da União Nacional dos Estudantes, saudou a criação de um fórum unificado dos movimentos sociais brasileiros, representado pela Frente Brasil Popular, e defendeu a ampliação da frente e a realização de novos atos massivos em defesa da democracia e das pautas apresentadas pelos movimentos sociais, com destaque para o ato que acontecerá em Brasília, no dia 31 de março.

No período da tarde, a reunião discutiu propostas e calendário de lutas, que serão divulgados em seguida.

Fazem parte da Frente Brasil Popular as principais centrais sindicais brasileiras, como a CUT e a CTB, entidades estudantis, como a UNE, UBES, UJS, Levante Popular da Juventude, de mulheres como a UBM e a Marcha Mundial das Mulheres, de negros (Unegro), LGTBs, trabalhadores rurais sem terras (MST) e partidos de esquerda (PT, PCO, PCdoB), entre outros movimentos sociais.


Claudio Daniel

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

RETRATO IV (Francisca das Chagas Silva )

Pedras queimadas
na crueza 
do abandono
tuas disformes formas
marcadas 
a cutelo.
Pele dispersa 
arroxeada 
de corpo inânime
esfiapada
entremostrada
em febras 
de açougue.
Despejada 
na lama, 
como detrito: 
um aviso 
do quebra-ossos
para que ninguém 
reclame.
Mundo 
desmundo
de mortes 
emudecidas
onde olhos
se fecham
para o flagelo
mais cegos 
que a noite
mais cegos 
que a morte
de indistintas 
estrelas —
apenas os corvos 
crocitam, 
apenas os corvos
— cachorros do céu —
desenham, 
com suas vozes
desconexas
a cena do mais 
absoluto
horror.
Claudio Daniel, 2016

(Francisca das Chagas Silva, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Miranda do Norte, no Maranhão, foi assassinada a mando de fazendeiros da região, com requintes de crueldade: seu corpo foi encontrado nu, com sinais de estupro, estrangulamento e perfurações. “O simbolismo desta imagem, é do escárnio de como são tratadas as reivindicações e a luta das mulheres para serem vistas, tratadas e respeitadas na lei e na vida como seres humanos”, comentou Isis Tavares Neves, presidenta da CTB-MA.)


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

BRASIL: PAÍS SOBERANO OU COLÔNIA?

Em 1994, o presidente norte-americano George W. Bush propôs a criação de uma Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), que se efetivada levaria ao fechamento de indústrias nacionais, que não poderiam concorrer com os preços dos produtos norte-americanos, e ao desemprego de milhões de trabalhadores em todo o continente latino-americano. A ALCA era uma estratégia para a recolonização das Américas, que voltariam a ocupar seu papel tradicional na divisão de trabalho internacional, exportando matérias-primas e importando mercadorias. O presidente Lula, já em seu primeiro mandato, recusou o ingresso na ALCA, respondendo ao emissário norte-americano que pretendia discutir com ele a proposta: "não vou conversar com o sub do sub do sub". Apenas os países mais próximos dos EUA no continente -- México, Chile, Peru, Colômbia -- aderiram à proposta, que hoje atende pelo nome de "Aliança para o Pacífico", defendida em 2014 pelo então candidato presidencial Aécio Neves, do P$DB. Entenderam o que está em jogo na atual situação política do país? Não se trata "apenas" de privatizar a Petrobrás, substituir o contrato de partilha pelo de concessão e entregar o nosso petróleo e pré-sal às grandes companhias internacionais, mas de entregar TODA A NOSSA ECONOMIA ao imperialismo, com o monitoramento do Fundo Monetário Internacional (FMI). Um eventual retorno do P$DB ao governo federal representaria converter o Brasil, novamente, ao triste papel de um estado colonial, como o foi durante quase toda a sua história. Por isso mesmo, defender Lula, Dilma e o PT é defender a nossa soberania e independência nacional. IMPERIALISTAS, FORA DO BRASIL!!!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

FHC, QUEM TE VIU, QUEM TE VÊ...



 









Em 1979, Fernando Henrique Cardoso era considerado um sociólogo "marxista" (nunca caí nessa conversa) e Lula era um jovem líder operário que comandou as grandes greves metalúrgicas no ABC paulista. Candidato ao Senado pelo antigo MDB, único partido de oposição permitido pela ditadura militar, FHC buscou o apoio de Lula, que o levou às portas de fábricas para conversar com os trabalhadores. Quase 40 anos depois, o "sociólogo marxista", responsável pela privatização criminosa de nossas empresas estatais de mineração, siderurgia, telecomunicações, pesquisa nuclear, aeronáutica e outros setores estratégicos do país, defende o golpe de estado fascista, o monitoramento de nossa economia pelo FMI e a entrega da Petrobrás para o grande capital internacional. Lula, que na presidência da república disse NÃO à Alca de George Bush, construiu a CELAC, a UNASUL, fortaleceu o Mercosul, condenou as guerras imperialistas e fez a maior transformação social de nossa história, que retirou mais de 30 milhões de pessoas da miséria extrema e levou 40 milhões à classe média, continua ao lado dos trabalhadores. Defender Lula não é apenas um compromisso político e ideológico dos militantes petistas e comunistas, é uma obrigação moral do povo brasileiro em defesa de nossas conquistas e do principal arquiteto de um Brasil mais justo, igualitário e soberano.